A XP publicou, na noite de ontem (19), um relatório em que atualiza suas perspectivas para as ações da Azul (AZUL4).
De acordo com os analistas Pedro Bruno e Matheus Sant’Anna, que assinam o relatório, apesar da companhia ter conseguido um acordo extrajudicial bem sucedido com os arrendadores e fornecedores de aviões, ela entrou em um espiral chamado por eles de “dilema da diluição”.
“A Azul liquidou parte de seu arrendamento de aeronaves por meio de um instrumento conversível em ações que, apesar de fornecer um anteparo de liquidez, implicava um risco significativo de diluição de capital”, afirma a dupla.
“Instigado por gatilhos de ações negativos (principalmente relacionados a câmbio/combustível), o preço das ações da Azul entrou em uma espiral descendente desde meados de 23, alimentado pela estrutura de capital conversível que implicava que ‘quanto mais baixo o preço das ações se movesse, mais baixo ele deveria se mover’ (↓ AZUL4 = ↑ diluição = ↓ AZUL4)”.
Eles acrescentam que, no cenário atual, esse processo implicaria em uma diluição severa de 56% para seus acionistas.
Ainda assim, a recente valorização que as ações tiveram desde a última sexta-feira (13), com alta acumulada de 40% depois da forte queda de quase 70% registrada na semana passada, alivia essa pressão, já que as conversas sobre um potencial novo acordo com os arrendadores poderia limitar essa diluição a aproximadamente 20% de seu capital, de acordo com a Reuters.
Em paralelo, a dupla atualizou suas estimativas para a companhia, incorporando os resultados do segundo trimestre deste ano e três premissas: desempenho mais fraco do RASK (-9% a -10% em 2024-26E), uma vez que eles diminuíram suas estimativas de tarifa (-7% a -9% em 2024-26E), EBITDA positivo (+1-9% em 2024-26E) com base em uma redução ainda mais forte do CASK (-11% a -12% em 2024-26E) e manutenção dos níveis de alavancagem em 4,9x-4,4x em 2024-2026E.
De acordo com o relatório, essas premissas estão alinhadas com o guidance atualizado da companhia para este ano.
Sendo assim, eles mantiveram recomendação “Neutra” para suas ações (AZUL4) e estabeleceram um novo preço-alvo de R$6,60 para 2025, com potencial de ganho de 17,68% quando comparado com o fechamento de ontem, a R$5,61, baseado, principalmente, “em um cenário de diluição altamente incerto e um perfil de alavancagem atualmente alto”.