A Azul (AZUL4) informou, nesta terça-feira (8), que firmou acordos comerciais com seus arrendadores e fabricantes de equipamentos originais (OEMs). O grupo detém cerca de 92% do instrumento de patrimônio emitido no ano passado.
O acordo envolve a troca de participação pro-rata desses credores no saldo da obrigação atual, de cerca de R$3 bilhões, por até 100 milhões de ações preferenciais da companhia. O comunicado emitido pela Azul destaca, porém, que o acordou está sujeito a certas condições e aprovações.
A empresa ainda afirmou no documento que esses acordos “representam uma parte significativa de um plano abrangente projetado para fortalecer a geração de caixa da Azul e melhorar sua estrutura de capital no futuro”.
O anúncio foi bem recebido pelos especialistas.
Os analistas Pedro Bruno e Matheus Sant’anna, da XP Investimentos, o consideraram “positivo”, dado que ele ” implica uma diluição significativamente menor em comparação com o instrumento conversível em ação (21% de diluição, versus ~55% se o instrumento fosse convertido ao preço atual da ação – calculamos um haircut implícito de ~R$1,8 bilhão [85% do valor de mercado da Azul])”.
Além disso, a dupla ainda cita que a negociação bem sucedida “poderia desencadear iniciativas de financiamento adicionais, como dívida incremental, potencialmente aumentando a liquidez de curto prazo da Azul”.
A XP tem recomendação “Neutra” para as ações da companhia (AZUL4), com preço-alvo de R$6,60, com potencial de ganho de 14,78% quando comparado com o fechamento de ontem, a R$5,75.
O time de análises do Bradesco BBI partilha da mesma visão, já que o acordo “deve facilitar as negociações com outros credores”.
“Os próximos passos para a gestão de passivos da Azul incluem a captação de capital adicional e possivelmente o alongamento dos vencimentos dos títulos”, afirmam, em relatório publicado após o anúncio.
“Com base no preço atual das ações de R$ 5,75/AZUL4, a conversão simples de R$ 3 bilhões de passivos de leasing a R$ 30,00/AZUL4 poderia impulsionar o preço atual das ações para R$ 11,16/AZUL4“.
Sendo assim, eles mantiveram recomendação “Outperform”, equivalente a “Compra”, para as ações da companhia, com preço-alvo de R$20,00 para o final do ano que vem, com potencial de ganho de 247,83%.
Da mesma maneira, os analistas Bruno Amorim e João Frizo, do Goldman Sachs, elogiaram o acordo, afirmando que ele diminui a pressão de baixa sobre as ações da companhia.
No cálculo da dupla, após a emissão das ações, os arrendadores e OEMs chegariam a deter até 22% de participação na empresa.
Apesar disso, assim como a XP, eles optaram por manter recomendação “Neutra” para as ações da companhia, enquanto analisam os detalhes da negociação, com preço-alvo de R$7,30, com potencial de ganho de 26,96%.