A Azul (AZUL4) e a Abra Group, controladora da Gol (GOLL4), assinaram, na noite de ontem, um memorando de entendimento (MoU) não vinculante visando uma fusão entre as duas maiores companhias aéreas do país.
Em comunicado, a Gol (GOLL4) afirmou que o documento representa uma fase inicial do processo de negociação entre as companhias, que irão explorar a possibilidade de uma possível transação.
Ela ainda destacou que o avanço nas tratativas não tem impacto em sua estratégia, na condução de seus negócios ou em suas operações rotineiras, com a companhia se mantendo focada em concluir as etapas que restam dos seus procedimentos do Chapter 11.
Dentre outras condições, o MoU destaca essa transação estaria sujeita à consumação do plano de reorganização da Gol.
Além disso, para assinar o documento, ambas as empresas concordaram “com um princípio comercial de que qualquer combinação resultará em uma alavancagem líquida da entidade combinada que será pelo menos comparável à alavancagem líquida da Gol imediatamente antes do fechamento da potencial transação”, que hoje é de 4x seu Ebitda.
O anúncio foi bem recebido pelos analistas.
O time de análises do Goldman Sachs comentou que o resultado “tem mérito estratégico”, apesar de admitir que são necessários mais detalhes sobre a estrutura do acordo.
Com isso, eles mantiveram recomendação “Neutra” para as ações da Azul (AZUL4), com preço-alvo de R$5,40, com potencial de ganho de 22,45% quando comparado com o fechamento de ontem, a R$4,41.
Para os analistas da XP, o anúncio é positivo, “com base nas sinergias potenciais a serem capturadas, embora esperadas, dado o recente fluxo de notícias e a comunicação da empresa”.
“O MoU estabelece importantes bases de governança para os primeiros 3-4 anos (principalmente conselho e diretoria a serem nomeados pelos acionistas da Azul e da Gol) e indica que as empresas devem permanecer operando como marcas separadas”, afirmam os analistas Pedro Bruno, Matheus Sant’anna e João Ramiro, que assinam a publicação.
“Por fim, embora o MoU deva ganhar algum tempo no processo de aprovação antitruste (um marco importante), é um acordo não vinculativo, com as finanças ainda dependendo da evolução do processo de recuperação judicial da Gol”.
Apesar do otimismo, o trio destaca que “há uma série de fatores que trazem incertezas” em torno do assunto, como a relação de troca entre as duas ações, que ainda não foi divulgada, bem como o fato de que não foi decidido qual empresa será integrada à outra e questões relacionadas à nova dívida da Azul (AZUL4).
Com isso, eles optaram por manter as ações da Gol (GOLL4) “sob revisão” e a recomendação para as ações da Azul (AZUL4) em “Neutro”, com preço-alvo de R$6,60.