A Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou, na noite de ontem (8), seu balanço referente ao segundo trimestre deste ano.
A companhia reportou prejuízo líquido de R$2,605 bilhões, revertendo lucro de R$28,7 bilhões registrado um ano antes e abaixo do consenso LSEG, que previa lucro líquido de R$22,3 bilhões. Em termos recorrentes, seu lucro foi de R$15,728 bilhões, queda anual de 46,5%.
De acordo com a petrolífera, o resultado negativo foi ocasionado por dois fatores: a adesão a um acordo com o governo para encerrar uma disputa tributária e um acordo de trabalho de 2023, além da variação cambial.
Seu Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado caiu 12,3% em um ano, para R$49,740 bilhões. Em termos recorrentes, a métrica avançou 5,5%, para R$62,332 bilhões.
Já suas receitas cresceram 7,4% quando comparadas com o mesmo trimestre do ano passado, para R$122,258 bilhões.
A companhia anunciou, também, o pagamento de R$13,57 bilhões em proventos, equivalente a R$1,05320017 por ação ordinária e preferencial.
O montante será pago em duas parcelas, sendo a primeira em 21 de Novembro e a segunda em 20 de Dezembro deste ano, a todos que constarem em sua base societária no fechamento do próximo dia 21 de Agosto para os detentores de suas ações e dia 23 de Agosto para os detentores de suas ADRs.
Como a empresa apresentou prejuízo, para pagar esses proventos, ela utilizou parte de sua reserva de capital.
Além disso, a petrolífera revisou para baixo os investimentos para esse ano. O guidance de capex foi revisado de US$ 18,5 bilhões para o intervalo entre US$13,5 bilhões e US$14,5 bilhões.
Os analistas do BTG Pactual acreditam que os números apresentados pela companhia devem ficar em segundo plano, com o foco dos investidores sendo a distribuição de dividendos e a mudança em seu guidance de investimentos.
Com relação aos dividendos, eles afirmam que o valor ficou abaixo de suas projeções, impactado por “maiores pagamentos de impostos pontuais após o acordo de obrigação tributária assinado com a CARF em junho, que esperamos que seja parcialmente compensado por deduções de pagamentos futuros de imposto de renda no 1S25”.
Sobre o corte no guidance do capex, os analistas Pedro Soares, Henrique Pérez, Thiago Duarte comentam que a nova faixa é conservadora e “apoia nossa visão de que a geração de FCFE da empresa pode continuar a surpreender positivamente, abrindo caminho para dividendos especiais no futuro”.
Já sobre o resultado em si, eles classificaram-no como neutro, tendo sido impactado por fatores não-recorrentes.
Com isso, eles seguem com recomendação de “Compra” para suas ADRs.
“Embora reconheçamos que desenvolvimentos políticos e manchetes de fusões e aquisições podem ocasionalmente impactar o desempenho das ações, a empresa ainda oferece uma combinação atraente de valor e crescimento (muito lucrativo)”, explicam.
“Espera-se que o aumento dos campos do pré-sal nos próximos anos continue a elevar os níveis de ROIC e acione revisões positivas nas estimativas de FCFE do mercado”.
Além disso, o trio também projeta “que dividendos extraordinários sejam anunciados antes de novembro, o que provavelmente serviria como um evento de redução de risco e reforçaria que, embora não seja perfeita, a governança corporativa da empresa permanece robusta”.
A XP também considerou o resultado da companhia neutro.
Com relação aos números apresentados pela companhia, os analistas Regis Cardoso e Helena Kelm afirmam que não é necessário se preocupar.
“O prejuízo líquido foi causado por eventos pontuais e principalmente não monetários relacionados à depreciação cambial, a uma liquidação fiscal e a uma provisão atuarial. Ajustando para esses eventos pontuais, o lucro líquido teria sido de US$ 5,4 bilhões”, comentaram.
Sobre o anúncio dos dividendos, que utiliza uma parte dos dividendos extraordinários retidos no começo do ano, a dupla comenta que eles não devem influenciar no pagamento de dividendos extraordinários no futuro.
“Qualquer dividendo extraordinário dependerá apenas da geração de caixa. A empresa não pretende acumular excesso de caixa e continuará a distribuir qualquer excesso de fluxo de caixa que não seja usado para investimentos ou pago na política de dividendos ordinários – independentemente do saldo dessa reserva estatutária”, afirmam.
“A Petrobras geralmente gera mais lucro líquido do que paga dividendos ordinários, portanto, é improvável que a reserva de lucros limite as distribuições futuras em um futuro próximo”.
Além disso, eles projetam que a companhia deve anunciar o pagamento de dividendos extraordinários com o resultado do terceiro trimestre deste ano.
Já sobre a redução do guidance do capex, a dupla acredita que isso deve ser bem recebido pelo mercado, já que “o capex mais baixo para o ano significa que provavelmente haverá um fluxo de caixa livre mais alto”.
Com isso, eles mantiveram recomendação de “Compra” para suas ações (PETR4), com preço-alvo de R$45,10, com potencial de ganho de 22,39% quando comparado com o seu fechamento de ontem, a R$36,85.