A Suzano (SUZB3) divulgou, na semana passada, seu balanço referente ao segundo trimestre deste ano.
A companhia reportou prejuĂzo lĂquido de R$3,766 bilhões, revertendo lucro lĂquido de R$5,078 bilhões registrado no mesmo perĂodo de 2023 e superior aos R$2,8 bilhões estimados pelo consenso LSEG.
O resultado foi ocasionado pelo forte impacto negativo da variação cambial no perĂodo, que somou quase R$6,5 bilhões, alĂ©m das perdas com operações com derivativos, que somaram R$3,9 bilhões.
Seu Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado cresceu 60% no comparativo anual, para R$6,288 bilhões, com sua margem Ebitda crescendo 12 pontos percentuais, para 55%.
Já sua receita lĂquida apresentou crescimento de 25% em um ano, para R$11,494 bilhões.
Para a XP, os resultados da companhia foram “neutros”.
“Embora os resultados de hoje tenham sido impactados positivamente por um desempenho mais forte da divisĂŁo de celulose, o foco principal do mercado permanece na duração da desaceleração do ciclo de celulose”, afirmaram os analistas Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano, que assinam o relatĂłrio.
“Apesar disso, acreditamos que a Suzano está bem posicionada devido Ă sua robusta estrutura de custos, a aproximação do projeto Cerrado e a um real depreciado, o que deve sustentar a geração de FCF e a rentabilidade no futuro”.
Eles ainda destacam que “o valuation da empresa parece atraente em várias mĂ©tricas, com preços implĂcitos de celulose em ~US$ 540/t, de acordo com nossas estimativas, juntamente com seu perfil defensivo de hedge de BRL”.
Com isso, eles reiteraram recomendação de “Compra” para suas ações, com preço-alvo de R$73,00, com potencial de ganho de 33,94% quando comparado com o seu fechamento da Ăşltima sexta-feira, a R$54,50.
O time de análises do BB Investimentos também gostou do resultado, destacando o desempenho operacional apresentado pela companhia.
“No 2T24, a Suzano reportou um forte desempenho operacional, sobretudo no segmento de celulose, que se beneficiou da dinâmica favorável para a commodity, possibilitando o avanço nos preços e volumes, bem como pela desvalorização cambial”, afirmou Mary Silva, analista que assina a publicação.
“No entanto, conforme esperado, o resultado financeiro foi bastante impactado pelo efeito negativo da variação cambial sobre as dĂvidas em moeda estrangeira (81% da dĂvida total) e pelo resultado de operações com derivativos, e ficou negativo em R$ 11,1 bilhões”.
Para Silva, “a expectativa de queda de preços de celulose poderá pressionar as ações do setor como um todo na segunda metade do ano”, apesar de, na perspectiva do BB, a companhia venha a apresentar resultados robustos atĂ© o final do ano, “principalmente considerando as vantagens competitivas da empresa, que inclui sua liderança global e elevada competitividade no setor, que deverĂŁo ser reforçadas com o ramp-up do Projeto Cerrado”.
“Por outro lado, a manutenção de um patamar ainda elevado de alavancagem, bem como a elevada oscilação dos resultados financeiros em razĂŁo da alta volatilidade da taxa de câmbio merecem um monitoramento mais prĂłximo nos prĂłximos trimestres”, pondera.
Com isso, a analista optou por manter recomendação “Neutra” para suas ações (SUZB3), que contam com um novo preço-alvo de R$68,00 (de R$53,60) para o fim de 2025, com potencial de ganho de 24,77%.
Da mesma forma, os analistas da Genial Investimentos destacaram o resultado operacional “robusto” da companhia, “impulsionados principalmente pela acentuada escalada do preço da celulose (BHKP)”.
Sobre o resultado financeiro da companhia, os analistas Igor Guedes, Rafael Chamadoira e Iago Souza, que assinam o relatĂłrio, destacam que “como neste momento nĂŁo há efeito no fluxo de caixa, considerando que a variação pela consolidação da dĂvida convertida em BRL das emissões feitas em USD tramitou apenas pelo P&L, uma vez que a dĂvida ainda nĂŁo foi paga, nĂŁo entendemos que o prejuĂzo deverá se refletir em um impacto negativo para as ações ou na mudança de humor dos investidores”.
Apesar disso, eles chamam a atenção para dois pontos: as incertezas com relação Ă alocação de capital da companhia e a expectativa de queda no preço da celulose no segundo semestre, sendo “esses sim sĂŁo motivos que podem continuar afastando os investidores das ações da Suzano no curto prazo, mesmo com bons fundamentos apontados para 2025 e entregando um excelente crescimento de EBITDA no 2T24″.
Ainda assim, o trio optou por manter recomendação de “Compra” para suas ações, com preço-alvo de R$72,00, com potencial de ganho de 32,11%.