O BTG Pactual publicou, na semana passada, um relatório em que traz suas perspectivas para os resultados das companhias de varejo brasileiras referente ao quarto trimestre deste ano.
Na publicação, os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli, Pedro Lima e LuÃs Mollo, que assinam a publicação, se mostram otimistas com as projeções, afirmando acreditar que a tendência positiva apresentada nos resultados anteriores deve continuar.
“Apesar das taxas de juros e do endividamento ainda elevados, os varejistas brasileiros registraram tendências melhores nos últimos trimestres, com base em uma combinação de expansão decente da receita lÃquida (ajudada por volumes melhores, após um perÃodo em que o crescimento foi quase exclusivamente impulsionado por aumentos de preços) e, principalmente, melhorias na margem”, afirmam.
“Com a temporada de resultados do quarto trimestre chegando, esperamos que essa tendência persista no final deste ano”.
Eles destacam que, “apesar do efeito negativo das taxas mais altas sobre o consumo e os processos de desalavancagem das empresas, os fundamentos ainda são fortes (como visto nos últimos trimestres, com boas perspectivas para o quarto trimestre, tanto para receita lÃquida quanto para margens), e a maioria dos players reduziu a alavancagem financeira desde o pico após a pandemia (com muitos deles estendendo os prazos de pagamento em condições mais favoráveis)”.
“Mas a falta de entradas de investimentos no Brasil (com resgates na maioria dos casos), as altas taxas de juros (e o custo de oportunidade) e uma economia com sinais dissonantes estão aumentando a aversão ao risco”, ponderam.
“E com possÃveis revisões negativas para os players mais alavancados nos próximos trimestres, temos falado muito sobre o mantra para se investir no setor de Varejo: baixa alavancagem financeira, momento operacional decente e valuation atraente”.
Olhando para o varejo discricionário, eles projetam que a receita lÃquida da Lojas Renner (LREN3) deve avançar 10% no comparativo anual, com as vendas em mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) crescendo 9% e sua margem Ebitda registrando alta de 200 pontos-base (2,00 pontos percentuais).
Com relação à Azzas 2154 (AZZA3), a receita bruta consolidada projetada pelo quarteto registrará crescimento de 13% no comparativo anual, com destaque para a Hering, que deve avançar 16%. Ainda assim, sua margem Ebitda recorrente deve permanecer estável em 16,6%, “impactada pelo processo de integração entre Arezzo e Soma”, com ela crescendo nos próximos trimestres.
Para a Vivara (VIVA3), eles projetam um crescimento de 19% na receita lÃquida em um ano e um aumento de 190 pontos-base (1,90 ponto percentual) na margem Ebitda ex-IFRS16, enquanto no caso da SBF (SBFG3), dona da Centauro, a receita lÃquida deve apresentar leve avanço de 1% e sua margem bruta deve crescer aproximadamente 140 pontos-base (1,40 ponto percentual).
No caso da Magazine Luiza (MGLU3), o time de análises da instituição acredita que seu GMV online deve registrar alta de 5% no comparativo anual, enquanto o GMV consolidado deve crescer 6% e o SSS deve avançar 10%.
Para as farmacêuticas, eles projetam que “os resultados devem permanecer resilientes”, com a receita lÃquida da RD Saúde (RADL3) crescendo aproximadamente 16% em comparação a um ano antes, com o SSS consolidado avançando 8,5%.
“Em relação aos varejistas de alimentos, embora a inflação de alimentos tenha melhorado gradualmente em relação aos nÃveis do ano passado, o segmento ainda enfrenta uma perspectiva altamente competitiva, com alguns players acelerando o crédito para aumentar os volumes, bem como a alavancagem financeira persistentemente alta de algumas empresas”, afirmam.
Para o Carrefour (CRFB3), eles projetam crescimento anual de 6% do SSS, enquanto o Assaà (ASAI3) deve registrar avanço de aproximadamente 4,5% em vendas em mesmas lojas.
“O Grupo Mateus [GMAT3], com uma performance melhor entre os pares, deve registrar um crescimento de 6% a/a no SSS, excluindo o canal de atacado (vendas lÃquidas aumentaram 19% a/a), com a margem EBITDA (pós-IFR16) aumentando ~70bps a/a”, acrescentam.
Já com relação à Smart Fit (SMFT3), os analistas projetam um crescimento anual de 31% na receita lÃquida, com sua margem Ebitda avançando 100 pontos-base (1,00 ponto percentual) em um ano.
O quarteto destaca que o Mercado Livre (MELI34), Grupo Mateus (GMAT3), Vivara (VIVA3), Lojas Renner (LREN3) e Smart Fit (SMFT3) seguem sendo as principais escolhas (Top Picks, no jargão do mercado) para o setor.