O BTG Pactual publicou ontem (21) um relatório em que traz suas premissas para o seu resultado referente ao quarto trimestre do ano passado.
Assim como a XP, os analistas Thiago Duarte, Guilherme Guttilla e Bruno Henriques, que assinam a publicação, projetam que a companhia deve ter um fim de ano “desafiador”.
“No segmento “cerveja-Brasil” da Ambev, esperamos um declínio de 1,3% a/a nos volumes, amplamente em linha com a indústria em geral quando ajustado pela contração significativa de volume do Grupo Petrópolis (GP)”, afirmam.
“Embora os recentes aumentos de preços da GP sugiram uma melhora gradual no cenário competitivo, as condições
climáticas desfavoráveis — mais frias e chuvosas do que no ano passado — combinadas com uma batalha persistentemente difícil por participação de mercado provavelmente prejudicaram o desempenho de volume mais forte”.
Além disso, eles ainda citam um crescimento da receita média por hectolitro menor do que a inflação e a estratégia da companhia de não repassar integralmente o aumento do ICMS como outros fatores que devem impactar seus resultados por aqui.
“Isso, somado a maiores despesas de comerciais/gerais/administrativas mediante maiores esforços de marketing, moderou provavelmente o ritmo de expansão da margem a/a [ano a ano]”, pontuam.
“Prevemos um EBITDA de “cerveja-Brasil” de R$ 4,2 bilhões (+5% a/a), com uma margem de 36% (+110 bps a/a)”.
Olhando para fora, eles projetam que na LAS a Ambev deve registrar receita de R$6,1 bilhões e Ebitda de R$1,8 bilhão, avançando 128% em comparação a um ano antes, porém com sua margens de 29,5%, queda de 2.340 pontos-base (23,40 pontos percentuais).
“A comparação a/a foi afetada por ajustes contábeis de hiperinflação no 4T24″. Esperamos que os volumes diminuam 5% a/a, embora isso represente uma melhora em comparação aos trimestres anteriores”, projetam.
Com relação ao segmento NAB, o trio projeta um crescimento “modesto” de 2% no volume, quando comparado com um ano antes, “enquanto a receita média por hectolitro provavelmente continuará aumentando”.
“Por outro lado, esperamos que os maiores preços do açúcar prejudiquem os custos e as margens”, ponderam.
No segmento CAC, eles apostam em uma “recuperação gradual em volumes”, ainda que os aumentos de impostos no Panamá pesem sobre os preços ao consumidor, o que deve limitar o crescimento mas não afetar sua lucratividade, que “permanece sólida”.
Já com relação ao Canadá, eles projetam que esse deve continuar sendo “o desempenho mais fraco”.
Caso esse cenário se confirme, eles acreditam que os resultados do quarto trimestre deste ano não devem mudar a percepção do investidor com relação à empresa.
“Os volumes estão desacelerando, os preços permanecem modestos, os ventos favoráveis de custos devem reverter em breve com base nas tendências de câmbio e commodities”, comentam.
“Além disso, até mesmo o ambiente competitivo no Brasil, que em algum momento parecia melhorar quando a Petrópolis começou a aumentar os preços de forma mais consistente, pode estar se deteriorando novamente graças ao aumento da capacidade de produção da Heineken”.
Eles também citam a possibilidade de um investidor externo adquiri parte do grupo Petrópolis, o que pode gerar um cenário mais desafiador.
Dessa maneira, “dada a falta de catalisadores de curto prazo”, o trio reiterou recomendação “Neutra” para suas ações (ABEV3), com preço-alvo de R$15,00, com potencial de ganho de 33,33% quando comparado com o fechamento de ontem, a R$11,25.
A companhia divulga seus resultados dia 26 de Fevereiro.