A BRF (BRFS3) divulgou, na noite de ontem (26), seu balanço referente ao quarto trimestre do ano passado.
A companhia reportou lucro líquido de R$868 milhões no período, alta de 15% em comparação a um ano antes.
Seu Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado teve um avanço de 47,2% no comparativo anual, para R$2,803 bilhões.
“Os resultados foram alcançados por meio do aumento dos volumes vendidos, com destaque para o portfólio de produtos processados, com ganhos de participação de mercado em todas as categorias”, disse o CEO Miguel Gularte, em comunicado.
“Uma execução comercial eficiente, a ampliação de produtos e destinos, bem como inovações assertivas também contribuíram de forma relevante para o desempenho em 2024”.
Sua receita líquida cresceu 21,6% em comparação ao quarto trimestre de 2023, totalizando R$17,349 bilhões.
Para o Safra, o resultado foi misto, com destaque para o Ebitda ajustado, que foi 5% menor que o previsto pelos seus analistas e 10% inferior ao estimado pelo mercado.
“A BRF registrou uma perda de lucro, principalmente devido a despesas de SG&A maiores do que o esperado, mas o EBITDA ajustado ainda foi de +47% YoY”, comenta seu time de análises.
“O crescimento da receita foi sólido, superando nossas estimativas e consenso, impulsionado por fortes volumes no Brasil e no segmento internacional. O BRF+ 2.0 continuou a beneficiar as margens, mas o CPV/kg e as despesas de SG&A maiores do que o esperado (marketing, frete e participação nos lucros) levaram a uma contração de margem YoY e à perda de EBITDA”.
Apesar disso, eles mantiveram recomendação Outperform, equivalente a “Compra”, para suas ações (BRFS3), com preço-alvo, acreditando que “o forte momento de lucros deve persistir, impulsionado por uma oferta e demanda globais bem equilibradas, com ciclos ainda favoráveis para carne suína e de aves”.
Para o Bradesco BBI, os resultados também ficaram abaixo do esperado.
“Após um desempenho estelar em 2024 e lucros que consistentemente surpreenderam positivamente, os resultados do 4T24 da BRF foram os primeiros em um tempo que acreditamos que não atenderam às expectativas do mercado”, afirmaram seus analistas.
“As margens foram a principal decepção, especialmente uma contração de 180 bps QoQ [comparativo trimestral] na margem bruta para 25,9% (-240 bps vs. BBIe; +180 bps YoY [comparativo anual], sustentada por maiores custos de matéria-prima e mão de obra, levando a uma expansão do custo unitário de 6% QoQ (+8% YoY)”.
Sendo assim, eles mantiveram recomendação “Neutra” para suas ações (BRFS3), com preço-alvo de R$23,00, com potencial de ganho de 20,99% quando comparado com o fechamento de ontem, a R$19,01.
Para a Genial, os números foram mistos.
“Os resultados vieram relativamente em linha com esperado, trazendo uma Receita Líquida recorde, mas com uma surpresa negativa, diante de uma contração de margem ainda maior que o esperado por nós e pelo consenso (contração de -3.2p.p t/t vs. ~-1p.p t/t de consenso), o que deve afetar a visão dos investidores sobre o resultado”, afirmaram os analistas Igor Guedes, Luca Vello, Isabelle Casaca e Iago Souza, que assinam a publicação.
Ainda assim, o quarteto manteve recomendação de “Compra” para suas ações, com preço-alvo também em R$23,00, com potencial de ganho de 20,99%.
Já para a XP, apesar de “uma nota mais suave”, o resultado foi bom.
“A Receita Líquida foi de R$ 17,6 bilhões (+22% A/A e +3% vs. XPe) e o EBITDA Ajustado foi de R$ 2,8 bilhões (+47% A/A, mas -11% vs. XPe), um resultado abaixo do esperado no Brasil, apesar da sazonalidade e dos fatores positivos (margem de EBITDA ajustado de 14,7%), já que outros custos (mão de obra, frete, embalagem, bônus) tiveram um impacto negativo”, comentam os analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, que assinam a publicação.
“O desempenho internacional foi em linha (margem de EBITDA ajustado de 20,4%) apesar dos impactos inflacionários na Turquia em um ambiente de excesso de oferta”.
Olhando à frente, o trio acredita que o O&D de proteínas domésticas continua favorável ao repasse de preços tanto para produtos frescos quanto processados.
Além disso, eles projetam que os preços mais altos do milho serão em sua maioria mitigados por preços mais baixos do farelo de soja.
“Em relação às exportações, os EUA estão fortalecendo o desequilíbrio do O&D de proteínas, junto com a melhora do mercado asiático”, acrescentam.
Sendo assim, eles mantiveram recomendação de “Compra” para suas ações, com preço-alvo de R$30,10, com potencial de ganho de 58,34%.