O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou, na noite de ontem (8), seu balanço referente ao segundo trimestre deste ano.
O banco reportou lucro líquido ajustado de R$9,502 bilhões, alta de 8,2% em comparação ao mesmo período de 2023 e acima dos R$9,241 projetados pelo consenso LSEG.
O seu retorno sobre patrimônio líquido do banco (ROE) foi de 21,6%, 0,3 ponto percentual acima do registrado um ano antes.
Sua carteira de crédito ampliada cresceu 13,2% em um ano, para R$1,18 trilhão, com destaque para o avanço de 16,6% da carteira ampliada agro (R$375 bilhões), enquanto a carteira PJ registrou alta de 13,2% (R$421 bilhões) e a carteira PF teve crescimento de 6,2% (R$321 bilhões).
Sua margem financeira líquida de provisões registrou aumento de 12,9% em comparação ao mesmo trimestre de 2023, para R$17,193 bilhões, enquanto a provisão para créditos de liquidação duvidosa também cresceu, para R$7,807 bilhões, alta de 8,8%.
Seu índice de inadimplência de empréstimos com mais de 90 dias de atraso avançou 0,1 ponto percentual no comparativo trimestral, para 3,0%.
Com o resultado o banco revisou suas projeções para o ano, prevendo provisionar entre R$31 bilhões e R$34 bilhões, acima dos R$27 bilhões a R$30 bilhões previstos anteriormente.
Por outro lado, o BB revisou para cima sua margem bruta, que prevê crescimento de 10% a 13% ante 7% a 11% no guidance anterior.
A XP classificou o resultado como “positivo”.
“Mais uma vez, o NII com o mercado foi apoiado pelo Patagonia, subsidiária argentina, contribuindo para o crescimento do NII, que cresceu 12% A/A e ficou 2% acima de nossas estimativas”, afirmaram Bernardo Guttman, Matheus Guimarães e Rafael Nobre, analistas que assinam o relatório.
“Vale destacar também o crescimento da carteira de crédito em 13%, muito próximo do topo da faixa do guidance, com contribuição significativa da carteira do agronegócio, que cresceu acima da faixa do guidance de 15% para o segmento”.
Pelo lado negativo, o trio destaca o NII com Clientes e o NPL, enquanto que, com relação à revisão do guidance, eles destacam que “o banco reafirmou quase todas as linhas, exceto o Custo do Crédito, que deve ser ~15% maior, mas sem afetar o resultado final devido à revisão para cima do NII em magnitude semelhante”.
Com isso, eles mantiveram recomendação de “Compra” para suas ações (BBAS3), com preço-alvo de R$36,50, com potencial de ganho de 38,78% quando comparado com o fechamento de ontem, a R$26,30.
Da mesma forma, a Genial Investimentos considerou os resultados “sólidos”.
“O lucro do trimestre ficou praticamente em linha com nossas estimativas (+1,4%) e com o consenso de mercado (+2,7% a/a). Com um portfólio de produtos mais defensivo e balanceado, o banco soube atravessar de forma lucrativa esse ciclo de crédito, posicionando seu ROE bem acima de concorrentes privados como Bradesco e Santander”, afirmaram os analistas Eduardo Nishio, Felipe Oller, Wagner Biondo e Luis Degaspari.
“Nesse trimestre, o banco alterou 2 itens do guidance, mantendo a expectativa de lucro para 2024, que no meio da faixa indicativa totaliza R$ 38,5b, implicando em um crescimento de +8,3% a/a em 2024”.
Com relação ao futuro, o quarteto projeta “uma dinâmica similar, mas com a melhor sazonalidade de final de ano impulsionando o lucro do banco em direção ao guidance”.
Sendo assim, eles reiteraram recomendação de “Compra” para suas ações, com preço-alvo de R$34,00, com potencial de ganho de 29,28%.
Os analistas do Bradesco BBI consideraram o resultado misto.
“Embora reconheçamos o forte resultado financeiro reportado pelo Banco do Brasil, continuamos destacando preocupações sobre: i) NII com clientes; ii) margem com o mercado; iii) e tendências de qualidade de ativos”, afirmam.
“Notavelmente, sua margem com clientes registrou uma contração sequencial nos spreads, enquanto os ganhos de tesouraria tiveram outro forte desempenho de R$ 5,7 bilhões, onde o Banco Patagonia contribuiu com R$ 1,9 bilhão em ganhos de tesouraria”.
Eles ainda chamam a atenção para o fato de que “seu índice NPL se deteriorou pelo quarto trimestre consecutivo, com empréstimos comerciais e rurais se deteriorando sequencialmente, enquanto vemos seus pares entregando números mais positivos”, além do índice CET1.
“No geral, apesar do forte resultado financeiro e do efeito de carry positivo da ação devido à sua baixa avaliação e alto dividend yield, continuamos preocupados com os tópicos mencionados”, concluem.
Sendo assim, eles optaram por manter recomendação “Neutra” para suas ações, com preço-alvo de R$32,00, com potencial de ganho de 21,67%.
Já o Banco Safra considerou o resultado negativo, destacando a queda do capital de nível 1 do banco, que caiu pelo terceiro trimestre consecutivo.
“Este movimento está, em nossa visão, desconectado dos altos patamares de rentabilidade, e deve ser um ponto de atenção à frente, sobretudo com a forte expansão do banco no crédito para grandes empresas e em títulos privados no segundo trimestre”, afirmou Daniel Vaz, analista que assina o relatório.
Com isso, ele também optou por manter recomendação “Neutra” para suas ações, com preço-alvo de R$31,00, com potencial de ganho de 17,87% em 12 meses.