A consultoria de recursos humanos dos Estados Unidos American Data Processing (ADP) publicou, nesta quarta-feira (2), o seu relatório mensal de variação no emprego do setor privado do país referente a Setembro.
Foram criados 143 mil novos postos de trabalho no mês, 40 mil acima do registrado em Agosto (que foi revisado de 99 mil para 103 mil) e 19 mil superior ao estimado pelos especialistas.
O destaque ficou para o setor de Lazer & Hospitalidade, que apresentou saldo líquido de 34 mil empregos gerados, seguido por Construção (26 mil), Educação & Serviços de Saúde (24 mil), Serviços Profissionais e Empresariais (20 mil) e Outros Serviços (17 mil).
A única categoria a apresentar resultado negativo foi Serviços de Informação, que fechou 10 mil postos de trabalho no mês.
Por outro lado, o crescimento salarial seguiu desacelerando, com os salários para aqueles que permaneceram em seus empregos nos últimos 12 meses registrando alta de 4,7%, 0,1 ponto percentual abaixo do registrado em Agosto, enquanto os que trocaram de empregos viram o valor crescer em 6,6%, desaceleração de 0,7 ponto percentual em comparação ao registrado no mês anterior.
De forma geral, os especialistas se mostraram surpresos com o resultado.
A consultoria High Frequency Economics comentou, em nota, que o número é condizente com um processo de desaceleração da economia, mas que mercado de trabalho segue resiliente.
A expectativa da HFE é que sejam gerados, em média, 119 mil empregos por mês no terceiro trimestre do ano, valor que, apesar de robusto, é o menor ritmo trimestral desde a pandemia.
Ainda assim, eles alertam para o fato de que “um aumento mais lento de empregos em uma economia que ainda está em crescimento não é uma recessão”.
Apesar da surpresa, os especialistas chamaram a atenção para fatores que influenciam no resultado apresentado pela pesquisa.
“Como sempre, alertamos contra dar muito peso à estimativa inicial da ADP sobre o crescimento da folha de pagamento privada, pois ela tem sido um guia ruim desde que sua metodologia foi revisada há dois anos”, afirmou Samuel Tombs, economista-chefe dos EUA na Pantheon Macroeconomics.
Já Nancy Vanden Houten, economista-chefe dos EUA na Oxford Economics, cita a greve dos funcionários da Boeing e dos portos, iniciadas recentemente.
Ela destaca que, caso elas continuem até a segunda semana deste mês, “o crescimento do emprego em outubro poderá ser negativo, dado o número de trabalhadores em greve e o provável número de trabalhadores não sindicalizados demitidos por causa das greves”.
No mercado, a repercussão foi praticamente neutra, com um leve crescimento nas apostas de um corte mínimo, de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) nos juros dos Estados Unidos na próxima reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (FED), banco central do país, marcada para Novembro.