O Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, divulgou, nesta quarta-feira (8), a ata de sua última reunião de política monetária, realizada no mês passado.
Na ocasião, a autoridade monetária optou por reduzir os juros do país em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), para o intervalo entre 4,25%-4,00% ao ano, porém a decisão não foi unânime, com a presidente regional de Cleveland, Beth Hammack, votando para que os juros permanecessem inalterados em 4,50%-4,75% ao ano.
No documento publicado hoje, os integrantes do FOMC (sigla em inglês para designar o comitê de política monetária do FED), se mostraram preocupados com a política econômica do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Trump passou toda a sua campanha prometendo taxar produtos de diversos países do mundo, com destaque para os produzidos na China, no México e no Canadá. O que, na visão dos integrantes do comitê, podem levar a um repique da inflação norte-americana.
“Quase todos os participantes julgaram que os riscos de alta para a perspectiva de inflação aumentaram”, afirma o documento.
“Como razões para esse julgamento, os participantes citaram leituras recentes mais fortes do que o esperado sobre a inflação e os prováveis efeitos de potenciais mudanças na política comercial e de imigração”.
Com isso, eles reduziram de quatro para dois a projeção de cortes nos juros do país neste ano, com o documento afirmando que, no estágio atual do processo de flexibilização monetária e com a mudança de perspectivas, “o Comitê estava no ponto ou próximo ao qual seria apropriado desacelerar o ritmo de flexibilização da política”.
A ata ainda pontua que existe um consenso de que “a taxa básica de juros estava agora significativamente mais próxima de seu valor neutro do que quando o Comitê iniciou a flexibilização da política em setembro”.
“Além disso, muitos participantes sugeriram que uma variedade de fatores sublinharam a necessidade de uma abordagem cuidadosa às decisões de política monetária nos próximos trimestres”, acrescenta.
“Uma maioria substancial dos participantes observou que, na conjuntura atual, com sua postura política ainda significativamente restritiva, o Comitê estava bem posicionado para reservar um tempo para avaliar a evolução das perspectivas para a atividade econômica e a inflação, incluindo as respostas da economia às ações políticas anteriores do Comitê”.
De forma geral, os especialistas argumentam que apesar da preocupação indicada pelo comitê, a ata não traz grandes surpresas, com alguns deles afirmando que, inclusive, ela foi mais branda (dovish, no jargão do mercado) do que o esperado.
No mercado, os investidores mostraram que o documento não ter causou grandes surpresas, com a maioria deles ainda prevendo que o FED deve reduzir os juros apenas uma vez, no encontro de Junho, com a taxa encerrando 2025 no intervalo entre 4,00%-4,25% ao ano.
Ainda assim, essa aposta, bem com a perspectiva de que a autoridade monetária não deve mais cortar os juros, mantendo-o no patamar atual, perderam forças, passando de 36,2% para 34,0% e de 18,5% para 15,5%, respectivamente.
Por outro lado, as apostas em dois cortes de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), com os juros encerrando o ano entre 3,75%-4,00% ao ano, avançou 1,8 ponto percentual, para 30,7%.