O Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, publicou, nesta quarta-feira (9), a ata da última reunião de seu comitê de política monetária (FOMC, na sigla em inglês).
Na ocasião, o comitê optou por cortar a taxa de juros norte-americana em 50 pontos-base (0,50 ponto percentual), para o intervalo entre 4,75%-5,00% ao ano, surpreendendo os especialistas, que previam uma redução de menor intensidade, de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).
O documento publicado hoje mostra que a decisão foi muito mais dividida do que o apresentado oficialmente, dado que apenas a governadora Michelle Bowman votou a favor de um corte de intensidade mínima.
“Alguns participantes observaram que teriam preferido uma redução de 25 pontos-base [0,25 ponto percentual] na faixa-alvo nesta reunião, e alguns outros indicaram que poderiam ter apoiado tal decisão”, afirma a ata.
“Vários participantes notaram que uma redução de 25 pontos-base [0,25 ponto percentual] estaria em linha com um caminho gradual de normalização de políticas que daria tempo aos formuladores de políticas para avaliar o grau de restritividade das políticas conforme a economia evoluía”.
Além disso, “alguns participantes”, que, nesse caso, conta com membros votantes e não-votantes, também destacaram que uma redução mínima poderia dar uma melhor sinalização dos passos que o FED daria no futuro.
Porém, “à luz do progresso na inflação e do equilíbrio de riscos” com o mercado de trabalho, o FOMC acabou optando por anunciar um corte de maior magnitude.
Ainda assim, os participantes “enfatizaram” a importância de sinalizar ao público e ao mercado que essa era uma recalibração da política monetária norte-americana e que ela “não deve ser interpretada como evidência de uma perspectiva econômica menos favorável ou como um sinal de que o ritmo de flexibilização da política seria mais rápido do que as avaliações dos participantes sobre o caminho apropriado”, algo feito diversas vezes por Jerome Powell, presidente do FED, e por seus demais integrantes desde a reunião do mês passado.
Essa recalibração tem como base “um melhor alinhamento com os indicadores recentes de inflação e do mercado de trabalho” e, na visão dos defensores do corte de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual), “também enfatizaram que tal movimento ajudaria a sustentar a força da economia e do mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que continuaria a promover o progresso na inflação, e refletiria o equilíbrio de riscos”.
O anúncio elevou levemente as apostas do mercado na manutenção da taxa de juros norte-americana no próximo encontro do FOMC, marcado para Novembro.
De acordo com dados compilados pela ferramenta FEDWatch, do CME Group, cerca de 18,9% dos investidores projetam que os juros devem permanecer estáveis no encontro, contra 81,1% que aposta em um corte mínimo, de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).
Ontem, cerca de 14,8% deles apostavam na manutenção dos juros contra 85,2% que projetavam um corte mínimo.
Desde a última divulgação do Payroll, na sexta-feira passada (4), o mercado abandonou as apostas em um corte de maior intensidade no encontro.
Olhando à frente, o mercado prevê mais um corte de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) em Dezembro, com a taxa de juros norte-americana encerrando 2024 no intervalo entre 4,25%-4,50% ao ano.
Para o primeiro semestre de 2025, a expectativa é que os juros sejam cortados mais 4 vezes, chegando, em Junho, a 3,50%-3,75% ao ano.