A China divulgou, na quinta-feira passada (14), seus dados setoriais referentes a Outubro.
As vendas no varejo do país cresceram 4,8% em comparação ao mesmo mês de 2023, 1,6 ponto percentual acima do registrado em Setembro e 1,0 ponto percentual superior ao estimado pelos especialistas.
Com isso, o setor acumula crescimento de 3,51% no volume de vendas em 2024, 0,16 ponto percentual acima do registrado no acumulado até Setembro.
Por outro lado, a produção industrial do país registrou alta de 5,3% no comparativo anual, 0,1 ponto percentual abaixo do registrado no mês anterior e surpreendendo os especialistas, que esperavam alta de 5,5%.
Dessa maneira, o setor manteve crescimento acumulado de 5,8% no ano.
O investimento em ativos fixos também registrou alta anual menor do que a prevista pelos especialistas, mantendo o ritmo de 3,4% registrado em Setembro, 0,1 ponto percentual inferior ao estimado.
Já o preço dos imóveis registrou nova queda em comparação a Outubro do ano passado, tendo recuado -5,9%, 0,1 ponto percentual a mais que a baixa de -5,8% de Setembro.
Essa é a maior queda já registrada em um mês e o décimo-sexto mês consecutivo de baixa, quando comparados com um ano antes.
Em outro relatório, a taxa de desemprego do país caiu 0,1 ponto percentual, para 5,0%, ante expectativa de manutenção dos 5,1% registrados em Setembro.
Apesar do resultado novo negativo do setor imobiliário, os especialistas consideraram os números em geral positivos.
Para o economista independente Dan Wang, de Xangai, os dados melhores, principalmente do varejo, são obra dos recentes estímulos anunciados pelo governo chinês.
Wang acredita que a situação deve melhorar mais para a frente, já que novos estímulos foram anunciados recentemente e “ainda não mostraram nenhum impacto”, incluindo os estímulos ao setor imobiliário.
Zichun Huang, economista especializado em China da Capital Economics, partilha da mesma visão.
“A economia da China melhorou ainda mais no início do quarto trimestre, graças aos gastos do consumidor mais fortes do que o esperado”, afirmou ele.
“Acreditamos que gastos fiscais mais rápidos darão suporte a uma retomada cíclica contínua na atividade nos próximos meses”.
Apesar disso, Huang ponderou que a situação “tem uma sombra sobre as perspectivas mais à frente”, já que não se sabe ainda o que esperar da relação do país com os Estados Unidos após a vitória de Donald Trump.
Ele projeta que uma segunda guerra comercial com o país deve impactar a economia chinesa à partir do segundo semestre do ano que vem.
Para tentar evitar que a possível retomada da queda de braço com Trump influencie em uma retomada da segunda maior economia do mundo, o Goldman Sachs acredita que o governo chinês deve anunciar um corte “considerável” nas taxas de juros do país, de 40 pontos-base (0,40 ponto percentual), além de expandir “significativamente” o déficit fiscal em cerca de 1,9% do PIB no ano que vem.
Os analistas da instituição acrescentaram, em nota publicada após o anúncio dos relatórios, que “uma expansão fiscal plurianual seria necessária para neutralizar vários obstáculos cíclicos ao crescimento e enfrentar alguns desafios estruturais de médio prazo”.