O Japão divulgou, na noite de ontem (16), sua leitura preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) referente ao quarto trimestre do ano passado.
A economia do país cresceu 0,7% no comparativo trimestral, 0,3 ponto percentual acima do registrado no período anterior e 0,4 ponto percentual superior ao estimado.
Em comparação a um ano antes, o crescimento foi de 2,8%, bem acima dos 1,7% registrado no terceiro trimestre e da alta de 1,0% projetada.
O resultado foi puxado pelo avanço de 0,7% da demanda interna, revertendo resultado negativo de -0,1% registrado no período anterior e 0,3 ponto percentual superior ao esperado.
O consumo também surpreendeu, tendo crescido 0,1% no comparativo trimestral mesmo com o aumento da taxa de juros do país, ante expectativa de queda de -0,3%. O resultado indica uma desaceleração de 0,6 ponto percentual em comparação ao resultado do terceiro trimestre de 2024.
O Ministro da Economia do Japão, Ryosei Akazawa, disse em um comunicado que a recuperação gradual da economia deve continuar.
“Mas é necessário estar atento ao impacto dos aumentos contínuos dos preços dos alimentos e outros itens diários nos gastos do consumidor por meio da pressão descendente sobre o sentimento do consumidor”, acrescentou.
Apesar do resultado surpreendente, os especialistas seguem cautelosos com as perspectivas.
Stefan Angrick, diretor associado e economista-sênior da Moody’s Analytics, afirmou que, embora os números “pareçam ótimos”, nem tudo são “marés de sol e arco-íris”.
“A única razão pela qual a economia se expandiu em 2024 é por causa das revisões dos dados históricos, e uma vez que você os retira, o PIB teria se contraído”, comentou.
Além disso, ele também destacou que o resultado foi sustentado pela demanda externa, enquanto as importações recuaram.
“Isso indica uma fraqueza na demanda doméstica, que é realmente a história com a qual temos lidado nos últimos dois a três anos”, pontuou.
“As pessoas provavelmente querem ter cuidado e talvez manter o champanhe no gelo. Provavelmente não é hora de comemorar”.
Para o economista do Citi, Katsuhiko Aiba, uma recuperação da demanda interna só deve ocorrer após o segundo trimestre deste ano, com o crescimento real dos salários permanecendo negativo nos três primeiros meses de 2025, pressionado pela inflação do país e pela depreciação cambial.
Além dos fatores já citados, Uichiro Nozaki, economista da Nomura Securities, também destaca que há “algumas incertezas sobre as políticas tarifárias do presidente Trump e ainda existe a possibilidade de haver alguma restrição às exportações americanas”.
Nesse cenário, ele acredita que, ainda que não seja uma situação ruim para o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), que deve seguir aumentando a taxa de juros do país, também não é um cenário em que ele não precisa apressar o processo.