A China divulgou, na noite de ontem (8), seus dados de inflação referentes a Dezembro.
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) do país permaneceu estável (0,00%) no comparativo mensal, depois de cair -0,6% em Novembro, enquanto avançou 0,1 no comparativo anual, 0,1 ponto percentual baixo do registrado no mês anterior.
Seu núcleo, que excluem os preços de alimentos e energia, avançou 0,4% em comparação a um ano antes, 0,1 ponto percentual acima do registrado no relatório anterior.
O destaque dos dados para o consumidor ficou para o preço dos alimentos, que caíram -0,6% no comparativo mensal, pressionado pelos preços de produtos frescos e carne suína.
Já o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) recuou 0,1% no comparativo mensal, revertendo o avanço de 0,1% registrado um mês antes, e caiu -2,3% no comparativo anual, 0,2 ponto percentual acima da queda de -2,5% registrada em Novembro e 0,1 ponto percentual acima do projetado.
Na visão dos especialistas, os dados indicam que, apesar dos esforços do governo em fomentar o consumo interno, a China ainda luta para combater uma demanda enfraquecida.
O economista-sênior do banco Union Bancaire Privée, Carlos Casanova, afirmou, em nota, que “embora a economia da China tenha mostrado alguns sinais de recuperação após a mudança de política em Setembro, ela continua a enfrentar desafios significativos”.
Olhando à frente, ele ainda levanta dúvidas com relação a alguns pontos específicos, como o setor imobiliário chinês e as tensões comerciais com os Estados Unidos.
Para Shaun Rein, diretor administrativo do China Market Research Group, a situação tende a se agravar com o Ano Novo Chinês.
“A deflação paira pesadamente sobre a economia da China na corrida para o Ano Novo Chinês, pois os consumidores buscam ofertas ao comprar presentes para os membros da família”, afirma, destacando que, apesar da desaceleração da inflação, a população chinesa ainda espera descontos nos produtos para o feriado.
China aumenta programa de subsídios
Ainda ontem, o país expandiu seu programa de troca de produtos para o consumidor, que tem como foco estimular o consumo através de compra de novos equipamentos eletrônicos e produtos específicos com subsídio do governo.
Para Louise Loo, economista-chefe da Oxford Economics, essa é uma tentativa de resolver o problema de demanda no curto prazo, mas que não gerará efeito em prazos maiores.
“Há [também] efeitos de retorno tardio significativos, o que significa que o que é gasto agora [com a compra de novos produtos] não será gasto mais tarde”, acrescentou, à CNBC.
Shaun Rein partilha da mesma visão.
Ele acredita que o programa não será suficiente para sustentar um crescimento saudável da demanda interna do país, já que os produtos subsidiados contam, em geral, com uma vida útil prolongada.
“Quantos aparelhos de ar condicionado uma família pode ter?”, questiona.
Nesse contexto, cresce a expectativa pela divulgação de novas medidas fiscais e monetárias, como foi prometido pelo governo chinês no fim do ano passado.