O Departamento de Estatística da Zona do Euro (Eurostat, na sigla em inglês) divulgou, nesta segunda-feira (3), os dados preliminares do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) referentes a Janeiro.
A prévia da inflação do bloco caiu -0,3% no comparativo mensal, revertendo avanço de 0,4% de Dezembro.
No comparativo anual, porém, ela avançou 2,5%, 0,1 ponto percentual acima do registrado no acumulado de 2024.
O resultado surpreendeu os especialistas, que previam que ela permanecesse no patamar que encerrou o ano passado.
Seu núcleo, quando são descontados os preços dos alimentos, energia, álcool e tabaco, recuou -1,0% no comparativo mensal, mas manteve avanço de 2,7%, ante expectativa de desaceleração para 2,6%.
A inflação de serviços desacelerou 0,1 ponto percentual em comparação ao registrado em Dezembro, para 3,9%, mas segue muito acima da meta de 2%.
O resultado trouxe um tom de cautela para os especialistas, que comemoravam o resultado da prévia da inflação alemã, divulgado na semana passada.
Além disso, as recentes ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alimentam receios com relação a uma guerra comercial de nível global que pode alimentar ainda mais a inflação.
O economista do banco holandês ING, Bert Colijn, destaca que uma eventual retaliação da Zona do Euro às promessas de Trump poderiam elevar os preços na Europa.
“Com os riscos inflacionários ainda prevacelentes e a incerteza se acumulando, a questão é até que ponto o BCE [sigla para Banco Central Europeu] pode reduzir as taxas para dar mais espaço para a economia respirar”, comentou ele.
Jack Allen-Reynolds, economista da Capital Economics, acredita que o resultado e as incertezas não devem mudar a perspectiva para a próxima reunião de política monetária do BCE.
“O fato da inflação de serviços permanecer alta significará que eles preferirão afrouxar a política [monetária] em pequenos passos”, acrescentou ele.
De forma geral, os especialistas admitem que, para além de Março, no próximo encontro do BCE, as coisas ficam mais difíceis de serem analisadas.
Isso porque, caso os produtos europeus sejam taxados pelos Estados Unidos e uma resposta à altura seja dada pela Zona do Euro, além de alimentar a inflação do bloco, o cenário também impactaria negativamente a sua já frágil economia, colocando o BCE em uma situação delicada.