O Instituto Nacional de Estatísticas do Reino Unido divulgou, ontem (20), seu Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) referente a Outubro.
A inflação britânica avançou 0,6% em comparação a Setembro, depois de permanecer estável (0,00%) no mês anterior.
Em comparação ao mesmo período de 2023, o índice registrou alta de 2,3%, 0,6 ponto percentual acima do registrado em Setembro e 0,1 ponto percentual acima do estimado.
Esse é o maior patamar já registrado para o CPI anual nos últimos seis meses e o maior aumento mensal já registrado desde o pico da inflação, em Outubro de 2022.
O núcleo do índice, quando são descontados os preços dos alimentos, energia, álcool e tabaco, avançou 0,4% no comparativo mensal, 0,3 ponto percentual acima do registrado no mês anterior, e 3,3% no comparativo anual, 0,1 ponto percentual acima de Setembro e 0,2 ponto percentual acima do projetado.
A inflação de serviços, uma das principais para a tomada de decisões do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) registrou alta anual de 5,0%, 0,1 ponto percentual acima do registrado no mês anterior, porém em linha com a previsão da autoridade monetária.
Apesar de um aumento já esperado, o relatório frustrou os especialistas.
“Esses números confirmam um ressurgimento decepcionante da inflação, já que o recente vento favorável dos custos mais baixos de energia se transformou em vento contrário em outubro”, afirmou Suren Thiru, diretor de economia do Instituto de Contadores Credenciados da Inglaterra e do País de Gales.
“A inflação deve aumentar gradualmente a partir daqui, com o aumento das contas de energia, o impacto do orçamento e as fricções comerciais globais provavelmente mantendo a taxa básica pairando acima da meta de 2% do Banco da Inglaterra até 2025”.
O diretor de pesquisa da Resolution Foundation, James smith, partilha da mesma visão.
Ele comentou que, apesar de um aumento esperado, já que a queda nos preços da energia no ano passado foram excluídas do cálculo anual e o teto de preços aumentou em Outubro, o avanço da inflação geral, básica e de serviços “trouxe uma dose tripla de más notícias para as famílias e para os formuladores de políticas”.
Para Lindsay James, estrategista de investimentos da Quilter Investors, o resultado torna “cada vez mais provável” a manutenção da taxa de juros do Reino Unido em 4,75% ao ano em Dezembro.
“Este é um lembrete claro de que os pulsos inflacionários de curto prazo podem retornar, potencialmente causados por fatores como obstáculos ao comércio, aperto no mercado de trabalho, tributação e volatilidade nos preços de alimentos e energia”, afirmou ela.
“Ainda não se sabe se o aumento da inflação em outubro será apenas um contratempo. No entanto, parece mais provável que o Banco [da Inglaterra] opte pela cautela nos próximos meses, à medida que uma lista crescente de riscos inflacionários surge no horizonte”.
O time de análise econômica do banco holandês ING também acredita que o BoE deve “pular”, como é chamado no jargão do mercado, a sua próxima reunião de política monetária, marcada para Dezembro, mantendo a taxa de juros britânica inalterada.
Apesar disso, eles acreditam que a inflação de serviços deve apresentar uma dinâmica melhor no começo do ano que vem, o que deve abre margem para a autoridade monetária do Reino Unido se tornar mais agressiva no ritmo de cortes.
“Não é fácil cronometrar isso, mas achamos que um corte de taxa em fevereiro, seguido por outro em março (e cortes consecutivos depois disso) ainda é um caso base razoável”, concluem.