O Instituto Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês) do Reino Unido publicou, na manhã desta quarta-feira (16), o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) britânico referente a Setembro.
A inflação do Reino Unido permaneceu estável (0,00%) no mês, depois de subir 0,3% em Agosto, e avançou 1,7% em comparação ao mesmo período de 2023, 0,5 ponto percentual abaixo do registrado no relatório anterior.
O desempenho foi melhor que o projetado pelos especialistas, que previam avanço mensal de 0,1% e anual de 1,9%.
Seu núcleo, quando são descontados os preços dos alimentos, energia, álcool e tabaco, avançou 0,1% no mês e 3,2% em um ano, de 0,4% e 3,6%, respectivamente, registrado em Agosto.
O resultado também foi melhor do que o previsto, com as projeções indicando alta mensal de 0,3% e anual de 3,4%.
O relatório elevou as apostas de que o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) deve cortar os juros em sua próxima reunião do comitê de política monetária (MPC, na sigla em inglês), marcada para o começo do mês que vem.
“Esses números dão garantias de que o Reino Unido mudou para um ambiente de inflação mais moderado, auxiliado por preços mais baixos de combustível”, afirmou Suren Thiru, diretor de economia do Instituto de Contadores Autorizados da Inglaterra e País de Gales.
Thiru também destacou, em nota, a “queda notável” da inflação de serviços, indicando que “as pressões subjacentes de preços estão se tornando menos rígidas”.
“Embora os astros estejam se alinhando para um corte nas taxas em novembro, o próximo orçamento é o obstáculo final, pois os definidores de taxas vão querer avaliar o impacto inflacionário de quaisquer medidas anunciadas antes de flexibilizar a política novamente”, ponderou ele.
O orçamento citado por Thiru será apresentado pelo novo governo do Reino Unido no dia 30 de Outubro.
Para Paul Dales, economista-chefe do Reino Unido da Capital Economics, apesar de positivo, os números devem ser analisados com cautela, já que grande parte da desaceleração da inflação do país foi ocasionada pela queda nos preços das passagens aéreas.
Com isso, ele acredita que a possibilidade de um corte no próximo encontro do MPC aumentaram razoavelmente.
“Ainda assim, achamos que as taxas acabarão caindo para 3,00%, o que é menor do que os 3,50-3,75% precificados no mercado”, ponderou.
Sanjay Raja, economista-chefe do Deutsche Bank no Reino Unido, disse que os números de inflação “seriam música para os ouvidos” do comitê, podendo levá-los a considerar uma aceleração no ritmo da flexibilização monetária.
Martin Swannell, economista-chefe consultor da consultoria EY ITEM Club, partilha da mesma visão.
“O comunicado de hoje remove outro possível obstáculo à votação do Comitê de Política Monetária por um corte de 25 pontos-base [0,25 ponto percentual] na taxa em sua reunião de novembro”, afirmou ele, em nota.
“A questão-chave agora é se o MPC aumentará o ritmo dos cortes de juros em reuniões subsequentes, e esse cenário provavelmente exigiria mais boas notícias sobre crescimento salarial e inflação”.