O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos publicou, nesta sexta-feira (6), o Payroll referente a Agosto.
A economia norte-americana gerou 142 mil empregos no mês, acima dos 89 mil (revisados para baixo, de 114 mil) registrados em Julho, porém abaixo dos 164 mil estimado pelos especialistas.
Além da revisão de Julho, o departamento também reviu os dados de Junho, que passaram de 206 mil para 118 mil.
Apesar disso, a taxa de desemprego do país recuou 0,1 ponto percentual, para 4,2%, em linha com projetado.
Olhando para a remuneração dos norte-americanos, o ganho médio por hora trabalhada avançou 0,4% no mês, depois de cair -0,1% (revisado para baixo, de 0,2%) em Julho, 0,1 ponto percentual acima do crescimento de 0,3% projetado.
No comparativo anual, o salário médio por hora trabalhada avançou 3,8%, 0,2 ponto percentual acima do registrado no relatório anterior e 0,1 ponto percentual superior ao estimado.
Após o resultado, o presidente regional do FED de Nova York, John Williams, afirmou que este é o momento adequado para que se inicie os cortes nos juros do país.
“Com a economia agora em equilíbrio e a inflação a caminho de 2%, agora é apropriado reduzir o grau de restritividade na postura da política, reduzindo a meta para a taxa dos fundos federais”, afirmou ele, em evento no Conselho de Relações Exteriores em NY.
Para os especialistas, o resultado coloca o Federal Reserve (FED), banco central do país, em uma situação delicada e adiciona mais elementos à decisão de Setembro.
Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Asset Management, partilha dessa visão.
“Para o Fed, a decisão se resume a decidir qual é o maior risco: reacender as pressões inflacionárias se eles cortarem em 50 [pontos-base, 0,50 ponto percentual] ou ameaçar a recessão se eles cortarem apenas 25 [pontos-base, 0,25 ponto percentual]”, afirmou ela.
Apesar disso, ela tende a enxergar que o FED deverá agir de forma mais enérgica.
“No balanço, com as pressões inflacionárias contidas, não há razão para o Fed não errar no lado da cautela e antecipar os cortes nas taxas”, complementou.
O economista-chefe da Skopos, Christian Thorgaard, acredita que o número mantém bem viva as expectativas por um corte de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) em Setembro.
Os números divulgados esta semana fortalecem os argumentos dos que, na reunião anterior, já queriam iniciar uma flexibilização monetária.
A grande dúvida, porém, é se eles serão suficientes para convencer os integrantes mais duros (hawkish, no jargão do mercado) a votarem por uma redução de maior intensidade.
Já Ali Jaffery, economista do CIBC Capital Markets na Bloomberg, acredita que o relatório foi misto e que mantém todo o cenário nebuloso.
Sendo assim, ele projeta que, à partir de agora, a atenção nos próximos palestrantes do FED deverá ser dobrada, já que eles devem fornecer insights sobre a leitura dos dados de hoje.
No mercado, as apostas em um corte de maior intensidade em Setembro passaram a ser majoritárias após a divulgação do resultado.
De acordo com a ferramenta FEDWatch, do CME Group, cerca de 53% dos investidores acreditam que o FED deve reduzir a taxa de juros norte-americana em 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) em Setembro, contra 47% deles que acredita que ela deve cair 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).
Ontem 60% deles apostavam em uma redução mínima enquanto 40% acreditava que o corte deve ser maior.
Com isso, o mercado passou a prever que os juros dos Estados Unidos deve cair 125 pontos-base (1,25 ponto percentual) este ano, e não mais 100 pontos-base (1,00 ponto percentual), como era previsto até ontem.
Caso se confirme esse cenário, a taxa de juros norte-americana deve encerrar 2024 no intervalo entre 4,00%-4,25% ao ano.
Olhando para o primeiro semestre do ano que vem, os investidores projetam quatro cortes de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) em cada uma das reuniões, com a taxa de juros do país chegando a 3,00%-3,25% ao ano no final de Junho.