O Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, anunciou, nesta quarta-feira (18), que cortou a taxa de juros do país em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), para o intervalo entre 4,25%-4,50% ao ano.
A decisão, que era amplamente esperada pelo mercado, não foi unânime, com a presidente regional do FED de Cleveland, Beth Hammack, votando para que os juros permanecessem inalterados em 4,50%-4,75% ao ano.
No comunicado que acompanha o anúncio, a autoridade monetária destacou que a inflação fez progresso rumo à meta de 2% ao ano, mas que ainda segue elevada enquanto a economia dos Estados Unidos continua a se expandir em ritmo sólido.
Com isso, o documento afirma que os riscos para os mandatos de emprego e inflação sequem equilibrados e que as perspectivas seguem incertas, com o comitê atento em tudo o que impacta ambos os lados.
A mediana de projeções do FED para o Produto Interno bruto do país deste ano e do ano que vem subiram de 2% para 2,5% e de 2% para 2,1%, respectivamente, enquanto que, para 2026, ela permaneceu em 2,0%.
Com relação à inflação, os integrantes da autoridade monetária projetam que o núcleo do Índice de Preços PCE, índice inflacionário utilizado como parâmetro por eles, deve registrar alta de 2,8% este ano (de 2,6% na projeção anterior) e de 2,5% (de 2,2%) e 2,2% (de 2,0%) em 2025 e 2026, respectivamente.
Com isso, 10 dirigentes regionais do FED projetam que a taxa de juros norte-americana deve encerrar o ano que vem no intervalo entre 3,75%-4,00% ao ano, enquanto 3 deles estimam que ela deve chegar a 3,50%-3,75% ao ano e 2 deles acreditam que ela deve recuar ainda mais que isso.
Para 2026, 3 dirigentes acreditam que ela deve ficar entre 3,75%-4,00% ao ano, enquanto 4 deles projetam que ela deve cair até 3,5%-3,75% ao ano e 5 deles estimam que ela deve chegar ao intervalo entre 3,25%-3,50% ao ano.
Sendo assim, a maioria dos integrantes do comitê de política monetária do FED (FOMC, na sigla em inglês) acreditam que mais quatro cortes de juros devem acontecer até o final de 2026, sendo dois no ano que vem e dois no próximo.
Em coletiva de imprensa concedida após o anúncio, Jerome Powell, presidente da autoridade monetária, afirmou que essa decisão, apesar de acertada, “foi mais acirrada” do que as anteriores.
Ele lembrou que os juros norte-americanos já foram reduzidos 100 pontos-base (1,00 ponto percentual) desde seu pico, levando a política monetária do país a um patamar “significativamente menos restritivo”, o que, portanto, permite ao FED “ser mais cauteloso ao considerar mais ajustes” no futuro.
Powell ainda reiterou que a inflação não avançou conforme o esperado nos últimos meses, enquanto o mercado de trabalho apresentou sinais de arrefecimento mas se mantém, de forma geral, saudável.
“Acho que a partir de agora, estamos em um lugar onde os riscos realmente estão em equilíbrio, e precisamos ver progresso na inflação”, afirmou ele.
“E é assim que estamos pensando sobre isso, então é meio que uma coisa nova. Nós nos movemos bem rápido para chegar aqui e acho que, daqui para frente, obviamente estamos nos movendo mais devagar”.
De forma geral, os especialistas consideraram que tanto o comunicado quanto a fala de Powell são claros sinais de que a autoridade monetária dará uma pausa no ritmo de flexibilização monetária à partir do ano que vem.
No mercado, as apostas na manutenção da taxa de juros norte-americana no encontro do FOMC marcado para Janeiro subiram quase 9 pontos percentuais, passando de 81,6% para 90,3%, com os demais 9,7% apostando em uma redução de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).
Já olhando mais à frente, os investidores projetam que os juros dos Estados Unidos serão cortados apenas uma vez no ano que vem, ante duas vezes antes do anúncio feito pelo FED, com a taxa encerrando 2025 entre 4,25%-4,50% ao ano, de acordo com os dados compilados pela ferramenta FEDWatch, do CME Group.