O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) anunciou, nesta quinta-feira (19), que manteve a taxa de juros britânica inalterada em 4,75% ao ano, em linha com o estimado pelos especialistas.
A decisão, porém, foi mais apertada do que se previa, com 3 integrantes do comitê de política monetária do BoE (MPC, na sigla em inglês) votando por um corte enquanto 6 deles votaram pela manutenção.
A expectativa era de que apenas 2 deles votassem por uma redução mínima, de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), enquanto os outros 7 votariam pela manutenção dos juros no patamar atual.
Andrew Bailey, presidente do BoE, afirmou, em coletiva de imprensa, que o comitê optou por manter uma abordagem mais cautelosa e gradual no ano que vem, apesar de que, “com a incerteza aumentada na economia”, ele não quis se comprometer com quando ou em quanto irão flexibilizar a política monetária.
Ele ainda acrescentou que o BoE precisava ter certeza de que conseguiria atingir sua “meta de inflação de 2% de forma sustentada”.
Por outro lado, os três membros que votaram por uma redução nos juros comentaram que o voto foi respaldado por uma “demanda mais lenta” e um mercado de trabalho enfraquecido e que, “dado o equilíbrio de riscos em evolução, uma taxa menos restritiva era justificada”.
De forma geral, os especialistas se mostraram surpresos com a divisão do MPC e acreditam que os passos a serem seguidos daqui para a frente com relação à política monetária do Reino Unido estão mais em aberto do que nunca.
Para Suren Thiru, diretor de economia do Instituto de Contadores Credenciados da Inglaterra e do País de Gales (ICAEW, na sigla em inglês), a decisão dividida e o tom moderado do comunicado que acompanhou o anúncio de manutenção dos juros indicam que um corte em Fevereiro “continua em jogo, se já não for um acordo fechado”.
“O Banco da Inglaterra corre o risco de se encurralar em um canto sobre o ritmo de flexibilização da política porque, com a inflação provavelmente subindo, o momento dos futuros cortes nas taxas de juros pode se tornar cada vez mais complexo, especialmente se os temores de estagflação se tornarem realidade”, pondera.
O estrategista-chefe de mercado da Ebury, Matthew Ryan, comentou que a impressão que fica é que o MPC está “mais dividido do que nunca” sobre o rumo a seguir, com parte deles focando na frágil economia britânica enquanto outra parte busca uma abordagem mais gradual de flexibilização monetária olhando para a inflação.
Ele acredita que, para o ano que vem, os definidores de qual será a direção a ser seguida serão os impactos tanto do recente orçamento do Reino Unido quanto das possíveis elevações das tensões comerciais com os Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump.