O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) anunciou, nesta quinta-feira (6), que reduziu a taxa de juros do Reino Unido em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), para 4,50% ao ano.
Ainda que o corte fosse esperado, a decisão foi unânime com dois integrantes do comitê de política monetária (MPC, na sigla em inglês) do BoE votando por uma redução de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual), o que surpreendeu os especialistas, que previam que o placar seria de 8 a 1 e sem votos para cortes de magnitudes maiores do que a mínima.
Apesar do posicionamento mais agressivo do MPC, Andrew Bailey, presidente da autoridade monetária britânica, afirmou que espera reduzir ainda mais a sua taxa de juros, mas que os próximos passos serão decididos reunião a reunião.
“Vivemos em um mundo incerto e o caminho à frente terá solavancos”, afirmou, durante coletiva de imprensa após o anúncio.
Para Bailey, mesmo que o Reino Unido não seja diretamente afetado pelas tarifas que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem ameaçado impor aos produtos europeus, a economia tende a ser afetada de qualquer forma.
“Agora eu acho que em termos de crescimento na economia mundial, se isso levar a uma, você sabe, fragmentação da economia mundial, isso não é bom para o crescimento”, acrescentou.
“O impacto na inflação é mais ambíguo, porque depende do que outros países fazem em resposta, depende de quais são as consequências dessas ações e reações para o comércio”.
Para Luke Bartholomew, vice-economista-chefe da gestora abrdn, a votação mostra que o MPC está preocupado com as perspectivas econômicas.
“O fato de dois membros do MPC terem votado para entregar um corte de 50 pontos-base, apesar de revisar para cima as previsões de inflação de curto prazo, dá uma ideia de quão preocupados alguns formuladores de políticas estão com os obstáculos ao crescimento”, afirmou ele.
O time de análises do banco holandês ING partilha da mesma visão.
Para eles, a composição dos votos foi o grande destaque, já que Catherine Mann, que até agora a única integrante do MPC que não havia votado a favor de nenhum dos dois cortes anteriores, votou a favor de uma redução ainda maior, de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual).
“Embora não diretamente atribuído a Mann, a ata da reunião sugere que ela viu a necessidade de dar um “sinal claro” sobre onde as taxas de juros precisam chegar, enquanto ainda reconhece que as políticas precisam permanecer restritivas por algum tempo”, comentam.
Eles acreditam que, apesar de parecer contraintuitivo, ambos os votos por um corte maior, sendo o outro vindo de Swati Dhingra, que tem histórico mais leve (dovish, no jargão do mercado), devem ter sido dados por conta do mercado de hipotecas britânicos.
Apesar do indicativo de um posicionamento mais flexível da política monetária do Reino Unido por parte do BoE, o ING projeta que o próximo corte será em Maio, seguido por mais duas reduções em Agosto e Novembro. Ainda assim, eles não descartam a possibilidade de uma aceleração no ritmo.