O presidente norte-americano Donald Trump anunciou, no final de semana, tarifas de importação sobre os produtos vindos do México, Canadá e China.
Para os dois primeiros países, a taxa de importação imposta é de 25%, com exceção para recursos energéticos, como o petróleo, que será de 10%, enquanto que para os produtos chineses ela é de 10%.
Trump admitiu que “haverá dor” no bolso dos americanos por conta do aumento dos preços dos produtos, mas que “valerá a pena” para proteger os interesses do país.
Em resposta ao anúncio, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anunciou que o país imporá tarifas de 25% sobre um total de US$106 bilhões em produtos americanos.
A taxação canadense será em duas etapas, com a primeira, de aproximadamente US$20 bilhões, iniciando amanhã e o restante em até três semanas.
Autoridades mexicanas e chinesas ainda não anunciaram quais medidas serão tomadas, mas prometeram responder ao decreto do republicano.
De acordo com o ministro do Comércio da China, a imposição de tarifas viola as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e afirmou que o país “defenderá resolutamente seus direitos”.
Trump ainda repetiu que deve taxar produtos da União Europeia, reafirmando que a balança comercial com o bloco é muito desfavorável para os norte-americanos.
Na visão dos especialistas, a medida abre um novo período da guerra comercial vivida durante o primeiro mandato do republicano.
“Isso marca uma nova fase da guerra comercial, que tem como alvo vários países, incluindo aliados e a China, para atender às metas de política econômica e geopolítica dos Estados Unidos”, afirmou Gary Ng, economista-sênior da Natixis SA.
Jennifer Safavian, presidente da Autos Drive America, partilha da mesma visão.
“A imposição de tarifas será prejudicial aos empregos, investimentos e consumidores americanos”, afirmou ela.
“As montadoras dos Estados Unidos seriam mais bem atendidas por políticas que reduzissem as barreiras para fabricantes, facilitassem as regulamentações que dificultam a produção e criassem maiores oportunidades de exportação”.
A Bloomberg Economics projeta que o anúncio deve aumentar a tarifa média de importação do país em quase 8 pontos percentuais, passando a 10,7%, impactando o PIB norte-americano em 1,2% e a inflação em 0,7%.
“Esperávamos que grandes tarifas tivessem grandes impactos e o que Trump acaba de anunciar é enorme”, afirmaram Nicole Gorton-Caratelli, Maeva Cousin e Tom Orlik, analistas da Bloomberg Economics.
Apesar de não ter surtido qualquer efeito real nos números da economia norte-americana, principalmente na inflação, o mercado já passou a projetar que o Federal Reserve (FED), banco central do país, será mais duro com sua política monetária.
De acordo com a ferramenta FEDWatch, do CME Group, os investidores projetam apenas um corte na taxa de juros este ano, ante dois até sexta-feira passada.
A redução, na visão deles, acontecerá em Junho, com os juros do país encerrando 2025 no intervalo entre 4,00%-4,25% ao ano.
Para o ano que vem, novamente apenas um corte é projetado, também de dois na semana passada.