A China divulgou, na madrugada desta quarta-feira (7), sua balanç comercial do mês de Julho.
O país apresentou superávit de US$84,65 bilhões, quase US$15 bilhões abaixo do registrado em Junho e US$13 bilhões menor que o estimado.
Suas exportações cresceram 7,0% em comparação a um ano antes, 1,6 ponto percentual menor do que o registrado no mês anterior e 2,7 pontos percentuais inferior ao projetado pelos especialistas.
Já suas importações surpreenderam, avançando 7,2% no comparativo anual, revertendo queda de -2,3% de Junho e crescendo 3,7 pontos percentuais a mais do que previa-se.
O resultado chamou a atenção dos especialistas.
Xing Zhaopeng, estrategista-sênior para a China no ANZ, acredita que o país deve encarar desafios daqui para a frente.
“O ciclo comercial ascendente pode ter terminado. Tanto as importações quanto as exportações devem desacelerar no terceiro trimestre”, comentou.
Para Louise Loo, economista-chefe da Oxford Economics, a desaceleração das exportações devem ligar um sinal de alerta para as autoridades chinesas.
“[Os formuladores de políticas chinesas] provavelmente olharão para isso e pensarão que o motor de exportação provavelmente desacelerará mais cedo do que eles pensavam”, afirmou ela.
“O problema é que a história da demanda externa nunca foi, em nossa visão, um driver permanente, ela sempre iria desaparecer. É só uma questão de cronometrar o fim desse boom”.
O economista da Moody’s Analytics, Heron Lim, atribuiu a desaceleração das exportações aos impactos de políticas mais protecionistas que tingem os produtos chineses, inclusive os automóveis.
Sendo assim, ele espera que isso deve chamar a atenção dos governantes para a necessidade de novos estímulos à demanda interna para sustentar a meta de crescimento da China para este ano.
“Estamos definitivamente esperando mais em termos de estímulo [no segundo semestre]”, concluiu.
Por outro lado, Lynn Song, economista-chefe para a Grande China no ING, observou que as exportações aumentaram em termos de volume, enquanto os preços praticados foram mais baixos.
“Acredito que os dados decepcionantes de exportação estão, na verdade, mais ligados à competição de preços”, afirmou.
“Não é uma desaceleração generalizada e grande da demanda externa. O valor das exportações caiu e isso provavelmente está afetando um pouco os números”.
Além disso, ele também acredita que o crescimento das importações não deve ser atribuído a uma melhora da demanda interna.
“Há uma demanda bastante grande por importações de alta tecnologia, semicondutores e também equipamentos de processamento automático de dados”, comentou.
“Acho que um erro seria atribuir [a recuperação das importações] a uma recuperação muito forte da demanda das famílias, porque você pode ver que, no geral, outras importações ainda estão bastante fracas”.