O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) anunciou, nesta quinta-feira (19), que manteve a taxa de juros do Reino Unido inalterada em 5,00% ao ano.
A manutenção, que era amplamente esperada pelos especialistas, não foi unânime, com um dos integrantes do comitê de política monetária (MPC, na sigla em inglês) votando por um corte de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual), enquanto os outros oito votaram por mantê-la.
A divisão do MPC surpreendeu os especialistas, que previam que seriam 2 votos por uma redução e 7 votos pela manutenção dos juros.
Em comunicado que acompanhou o anúncio, o BoE indicou que um corte na próxima reunião, marcada para Novembro, é provável se os dados continuarem a mostrar avanços como hoje.
Em coletiva de imprensa após o anúncio, Andrew Bailey, presidente do BoE, afirmou que a inflação segue desacelerando e que a economia britânica evolui “amplamente como o esperado”.
“Se isso continuar, devemos ser capazes de reduzir as taxas gradualmente ao longo do tempo”, pontuou.
“Mas é vital que a inflação permaneça baixa, então precisamos ter cuidado para não cortar muito rápido ou muito”.
Para os especialistas, de forma geral, o recado deixado pela autoridade monetária é a de que eles serão cautelosos no ritmo de cortes.
Sanjay Raja, economista-chefe do Deutsche Bank no Reino Unido, acredita que mais uma redução de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) deve ser anunciada até o fim do ano, seguida por mais quatro cortes de mesma magnitude no ano que vem.
Para o analista de câmbio do Ballinger Group, a decisão indica que o BoE não se sente em uma posição tão confortável com a inflação como o FED.
“Dito isto, esta reunião parece mais uma preparação para um corte em novembro, e um ritmo trimestral contínuo depois disso”, acrescenta.
Rob Wood, economista-chefe do Reino Unido na Pantheon Macroeconomics, partilha da mesma visão.
De acordo com ele, as pressões inflacionárias subjacentes seguem caindo, “mas o amplo fluxo de dados sugere pouca necessidade de urgência”.
Wood projeta que um corte deve ser anunciado em Novembro e outro apenas em Fevereiro do ano que vem.
Já os analistas do banco holandês ING projetam que o ritmo de cortes deve acelerar à partir de Novembro.
Isso porque, de acordo com eles, “a recente rigidez na inflação do setor de serviços se deve principalmente a categorias voláteis que têm pouca relevância para decisões de política monetária”.
“Retire isso, e o quadro está lentamente parecendo melhor”, afirmam.
Além disso, eles destacam que os dados relacionados ao mercado de trabalho apontam para um “arrefecimento contínuo também”.
“As empresas estão consistentemente reduzindo suas estimativas de crescimento esperado e realizado de preço/salário, de acordo com uma pesquisa mensal do BoE”, pontuam.
Sendo assim, eles projetam dois cortes de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) nos próximos dois encontros restantes para o ano, além de mais cortes no primeiro semestre de 2025, o que levaria a taxa de juros do Reino Unido a 3,25% ao ano até meados do ano que vem.