O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), anunciou, nesta sexta-feira (20), que manteve sua taxa de juros inalterada em 0,25% ao ano.
A manutenção dos juros japoneses era amplamente esperada pelos especialistas.
Em seu comunicado, a autoridade monetária destacou a recuperação moderada da economia do país, apesar de admitir que, após as recentes elevações dos juros, encerrando um período de ultraflexibilidade monetária, “alguma fraqueza foi observada”.
A perspectiva do BoJ é que a economia deve continuar crescendo em “um ritmo acima de sua taxa de crescimento potencial à medida que um ciclo virtuoso da renda para os gastos se intensifica gradualmente” e projeta que a inflação do país deve subir até o fim do ano fiscal de 2024, em 31 de Março do ano que vem.
Em coletiva de imprensa após o anúncio, Kazuo Ueda, presidente do BoJ, afirmou que a economia do Japão estava caminhando em linha com as previsões do BC, com o consumo aumentando, puxado pelo aumento dos salários, e a inflação se mantendo no caminho para atingir a meta de 2%.
Apesar disso, o cenário global incerto pesou na decisão da autoridade monetária, que optou por tomar mais tempo para determinar se uma nova alta seria necessária.
“A perspectiva para o desenvolvimento econômico no exterior é altamente incerta. Os mercados permanecem instáveis. Precisamos examinar esses desenvolvimentos cuidadosamente por enquanto”, afirmou Ueda.
Atrelado a isso, ele também ressaltou que a recente apreciação do iene ajudou o BoJ a ganhar tempo, já que o movimento reduziu o peso dos custos de importação e, consequentemente, o risco do país passar a importar inflação.
“Como tal, podemos nos dar ao luxo de gastar algum tempo para tomar uma decisão política”, pontuou.
Os comentários acabaram reduzindo as apostas dos especialistas em uma elevação nos juros em Outubro, mas manteve viva a perspectiva de que um novo aumento será anunciado até o final do ano.
“O governador [Ueda] enfatizou os riscos que cercam a economia dos EUA e reconfirmou a visão de que o BoJ não aumentará as taxas quando os mercados estiverem instáveis. Isso pode ter levado a uma redução nas expectativas do mercado de um aumento nas taxas em breve”, afirmou Atsushi Takeda, economista-chefe do Itochu Research Institute.
“Mas esses riscos podem desaparecer. Acredito que ainda há uma chance de o BOJ aumentar as taxas em dezembro”.
De forma geral, os especialistas se mostram cautelosos com a situação econômica do país, que tem apresentado números abaixo do esperado após o início do ciclo de aperto monetário.
Stefan Angrick, diretor associado da Moody’s Analytics, partilha dessa visão.
Para ele, a recente elevação dos juros japoneses, apesar de gradual, deve impactar negativamente a economia do país.
“Na melhor das hipóteses, os aumentos de taxas serão um empecilho adicional ao crescimento. Na pior das hipóteses, eles podem precipitar uma retração mais ampla”, comentou ele, à CNBC.