Dando continuidade à tentativa de impulsionar sua economia, o Banco Popular da China (PBoC, na sigla em inglês) anunciou ontem (24) que reduziu o custo dos empréstimos de médio prazo aos bancos em 0,30 ponto percentual, com a taxa de empréstimos de médio prazo (MLF) de um ano passando a 2,00% ao ano.
A medida permitiu que “o MLF retornasse ao seu posicionamento como uma ferramenta de liquidez de médio a longo prazo”, afirma o Financial News, um meio de comunicação apoiado pelo PBoC.
Para o estrategista-chefe de câmbio e taxas do OCBC Bank, Frances Cheung, o anúncio “não foi surpresa, especialmente com o corte planejado na taxa de reserva obrigatória (RRR)”.
“Olhando para o futuro, há uma janela de oportunidade para outro corte de RRR antes do final do ano, dados os altos vencimentos de MLF no quarto trimestre”, afirma.
Ainda de acordo com ele, a divulgação, por parte da autoridade monetária chinesa, dos lances mais altos e mais baixos da operação, que variaram entre 1,90% e 2,30%, indica que o objetivo é “tornar essa linha de crédito mais orientada pela demanda e de diminuir o papel da taxa MLF como orientação política”.
Fazendo uma análise dos dois anúncios, Rory Green e Freya Beamish, da TS Lombard, se mostraram satisfeitos, mas esperam mais medidas no futuro.
“O pacote [de anúncios feitos nos últimos dois dias] é encorajador, mas insuficiente para colocar um piso sob o mercado imobiliário e a economia em geral. Uma queda substancial no crescimento nominal está embutida”, comentaram, em publicação feita hoje.
Apesar disso, Haizhong Chang, diretor executivo da Fitch (China) Bohua Credit Ratings, acredita que o anúncio serviu para um ganho de confiança dos consumidores.
“O sentimento do mercado mudou significativamente, e a confiança na aceleração do crescimento econômico melhorou”, comentou, por e-mail.
Ainda assim, ele acredita que, mesmo com o pacote e, agora, com a redução na MLF de um ano, estímulos fiscais devem ser anunciados “para atingir o efeito de expandir o crédito e transmitir dinheiro para a economia real”.
Isso porque tanto as empresas quanto as famílias chinesas já estão altamente endividadas, o que faz com que elas não queiram tomar mais empréstimos.
“Isso também levou a um enfraquecimento dos efeitos marginais da política monetária frouxa”, conclui.
Louis Kuijs, economista-chefe da APAC na S&P Global Ratings, partilha da mesma visão.
Ele acredita que “as despesas fiscais estão aquém da alocação orçamentária de 2024, a emissão de títulos tem sido lenta e não há sinais de planos substanciais de estímulo fiscal”.