O Departamento de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês) do Reino Unido divulgou, nesta quarta-feira (14), o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) referente a Julho.
A inflação britânica recuou -0,2% em comparação a Junho, depois de subir 0,1% no mês anterior.
No comparativo anual, o índice avançou 2,2%, 0,2 ponto percentual acima do registrado no relatório anterior, porém 0,1 ponto percentual abaixo do estimado pelos especialistas.
Seu núcleo, quando são descontados os preços dos alimentos, energia, álcool e tabaco, desacelerou 0,1 ponto percentual no comparativo mensal, para 0,1%, e 0,2 ponto percentual no comparativo anual, para 3,3%, ficando 0,1 ponto percentual abaixo do projetado.
Já a inflação de serviços britânica desacelerou 0,5 ponto percentual em comparação a um ano antes, passando de 5,7% para 5,2%.
O resultado foi bem recebido pelos especialistas.
George Boubouras, diretor administrativo da K2 Asset Management, afirmou à CNBC que o relatório possui “contexto suficiente” para que o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) anuncie um novo corte nos juros do Reino Unido.
“Mas nada muito agressivo. Uma flexibilização superficial e consistente, porque o componente de serviços no Reino Unido, assim como o componente de serviços em outras partes do mundo desenvolvido, é bastante teimoso”, acrescentou ele.
Por outro lado, Bouboras não descarta a possibilidade de que o setor de serviços demore anos para ter sua inflação normalizada, o que não deve permitir que os juros britânicos também voltem ao patamar usual.
Martin Sartorius, economista principal da Confederação da Indústria Britânica, partilha da mesma visão.
“Os dados de hoje darão ao Comitê de Política Monetária do Banco alguma medida de confiança de que as pressões sobre os preços domésticos têm menos probabilidade de atrapalhar um retorno sustentável à meta de 2%”, comentou.
Apesar de não enxergar um corte em Setembro, Sanjay Raja, economista-chefe do Deutsche Bank para o Reino Unido, admite que os próximos relatórios de inflação e do mercado de trabalho referentes a Agosto serão definitivos para o BoE.
“A próxima rodada de dados de inflação e mercado de trabalho será crucial para decidir se o MPC pode aprovar um corte de taxa em setembro. Embora não seja nosso caso base, as chances de um corte de taxa consecutivo estão aumentando”, afirmou.
“Um corte de taxa em setembro não deveria mais estar fora de questão. E é inteiramente concebível pensar que poderíamos ter mais cortes de taxa este ano”.
Já o estrategista de mercado global da JP Morgan Asset Management, Aaron Hussein, acredita que um corte em Setembro não deve acontecer.
“Na ausência de qualquer choque material no crescimento, este ciclo de corte provavelmente será gradual, com uma cadência trimestral mais provável”, afirmou.
“Os investidores que apostam em cortes de taxas iminentes ficarão, portanto, decepcionados”.