O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tomou posse ontem (20).
Em seu discurso inicial, Trump reiterou promessas de campanha, como a anexação da Groenlândia, a retomada do Canal do Panamá, a desregulamentações de diversos setores e a aplicação de tarifas sobre importações.
Apesar disso, nenhum dos quase cem decretos assinados por ele após sua posse tratou de qualquer um desses assuntos, com exceção da retirada do país da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Acordo de Paris.
Quando questionado sobre a promessa das tarifas, Trump afirmou que deve taxar as importações canadenses e mexicanas em 1º de Fevereiro, com uma alíquota em torno de 25%.
Ainda assim, o novo presidente norte-americano pontuou que não é o momento de discutir uma tarifa universal para todas as importações.
Na diplomacia, o posicionamento de Donald Trump já gera repercussões diversas.
Em Davos, o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, afirmou ser necessário a promoção de uma economia global que seja inclusiva e que o protecionismo não trará benefícios, muito menos uma guerra comercial, onde não existem vencedores.
Xuexiang ainda destacou que o país está disposto a equilibrar a balança comercial com os Estados Unidos, importando produtos e serviços mais competitivos e de alta qualidade, além de ter reiterado que os investimentos estrangeiros são extremamente bem-vindos na China.
Dentre os analistas, a expectativa é que Trump cumpra suas promessas.
Para o Citi, os Estados Unidos devem aumentar as tarifas de importação, com elas passando de aproximadamente 2% a 3% para algo em torno de 7% a 8%.
Com relação à China, eles projetam que esse aumento deve ser ainda maior.
“Esperamos que esse aumento reflita nas tarifas dos EUA sobre a China de 10 a 15 pp [pontos percentuais]. Dito isso, não esperamos tarifas generalizadas de grande porte”, afirmam.
Além disso, eles acreditam que Trump deve estender seus cortes de impostos do último governo, enquanto uma postura mais austera no combate à imigração deve ajudar a restringir gradualmente o mercado de trabalho.
Também é provável, na visão deles, “que o governo reduza as pressões regulatórias sobre as empresas em diversos setores, incluindo energia e finanças, e em diversas atividades como regulamentação climática, proteção ao consumidor e política antitruste”.
Os analistas do banco holandês ING também apostam no cumprimento das promessas de campanha feitas pelo presidente eleito, projetando que novas tarifas devem ser implementadas no segundo trimestre deste ano.
“Dito isso, esperamos que a administração dos EUA use tarifas direcionadas para obter concessões, possivelmente atrasando a implementação, pois as tarifas impactarão negativamente os consumidores e a economia dos EUA”, afirmam.
“Apesar das interrupções, o comércio de bens deve crescer 2,5% ano a ano em 2025, impulsionado pelo grande carregamento frontal no primeiro trimestre e pelo aumento do comércio intracontinental ao longo do ano”.