O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos publicou hoje (4) seu relatório mensal do mercado de trabalho do país (Payroll) referente a Setembro.
A economia norte-americana gerou 254 mil novos empregos no mês passado, quase 100 mil a mais que em Agosto (revisado para cima, de 142 mil) e 114 mil superior ao estimado pelos especialistas.
Além dessa revisão o Departamento também revisou para cima o resultado de Julho, que passou de 89 mil para 144 mil.
O resultado de Setembro foi puxado pelo setor de Hospitalidade & Lazer, que registrou 69 mil postos de trabalho gerados no mês, seguido por Assistência Médica, com 45 mil, e Empregos Governamentais, com 31 mil.
Além deles, Assistência Social (27 mil) e Construção (25 mil) também apresentaram resultado positivo.
Com isso, a taxa de desemprego do país voltou a recuar, passando de 4,2% para 4,1%, ante estimativa de manutenção do patamar registrado um mês antes, enquanto a taxa de participação da força de trabalho se manteve estável em 62,7%.
O ganho médio por hora trabalhada também avançou mais do que o previsto pelos especialistas.
No comparativo mensal, o salário médio do norte-americano cresceu 0,4%, desacelerando 0,1 ponto percentual em comparação a Agosto, mas ficando 0,1 ponto percentual acima do projetado.
Em comparação a um ano antes, o crescimento foi de 4,0%, 0,1 ponto percentual acima do relatório anterior e 0,2 ponto percentual superior ao estimado.
O relatório surpreendeu os especialistas, afastando os receios de uma desaceleração brusca do mercado de trabalho do país.
“Mais uma vez, os dados de hoje são um bom lembrete de que o mercado tende a subestimar a economia dos Estados Unidos“, afirmou a estrategista Audrey Childe-Freeman, da Bloomberg Intelligence.
“É um relatório convincentemente forte que deixa de lado as recentes conversas sobre recessão por enquanto e que se somará ao melhor sentimento do dólar das últimas sessões”.
Para Kathy Jones, estrategista-chefe de renda fixa da Charles Schwab, o relatório foi impressionante “em todos os aspectos”.
“O resultado final é que foi um relatório muito bom. Você obtém revisões para cima e isso lhe diz que o mercado de trabalho continua saudável, e isso significa que a economia está saudável”, afirmou ela.
O economista-sênior global do Citi, Robert Sockin, afirmou ao Yahoo Finance que, com o resultado, a possibilidade do Federal Reserve (FED), banco central do país, cortar os juros em 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) em Novembro se tornou muito menos provável.
Do seu ponto de vista, o relatório “pressiona o FED”, tornando essa possibilidade bastante incerta.
No mercado, a percepção é a mesma.
De acordo com dados compilados pela ferramenta FEDWatch, do CME Group, 94,5% dos investidores aposta em uma redução de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) no próximo encontro do comitê de política monetária do FED (FOMC, na sigla em inglês), no mês que vem, contra 5,5% que ainda acredita que o corte será de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual).
Ontem, 67,9% deles acreditava em uma redução mínima enquanto 32,1% projetava um corte de maior intensidade.
Também tiveram mudanças nas perspectivas de longo prazo para a política monetária norte-americana, com os investidores passando a projetar um corte de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) em Dezembro, fazendo com que os juros do país encerrasse o ano no intervalo entre 4,25%-4,50% ao ano.
Para o primeiro semestre do ano que vem, o mercado prevê que mais três cortes de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) serão realizados, com a taxa de juros chegando ao patamar de 3,50%-3,75% ao ano. Ontem, a perspectiva era de que ela caísse a 3,25%-3,50% ao ano.