O Departamento do Comércio dos Estados Unidos publicou, nesta quinta-feira (15), os dados do varejo do país referentes a Julho.
As vendas do setor cresceram 1,0% no comparativo mensal, depois de caírem -0,2% em Junho. O resultado foi 0,6 ponto percentual acima do projetado.
Em um ano, as vendas avançaram 2,66%, acelerando 0,62 ponto percentual quando comparado com o resultado do mês anterior.
Seu núcleo, quando são excluídas as negociações de automóveis, cresceu 0,4% no comparativo mensal, 0,1 ponto percentual abaixo de Junho porém 0,3 ponto percentual acima do estimado.
Em outro relatório, divulgado pelo Departamento do Trabalho norte-americano, foram registrados 227 mil novos pedidos por seguro-desemprego, 7 mil a menos que na semana passada, surpreendendo os especialistas, que previam alta de 2 mil, para 236 mil.
Com isso, a média dos pedidos iniciais nas últimas quatro semanas recuou em 4,5 mil, passando de 241 mil para 236,5 mil.
Os pedidos contínuos pelo benefício, que registraram recorde dos últimos anos no relatório anterior também arrefeceram, passando de 1,871 milhão para 1,864 milhão, ante expectativa de avanço para 1,88 milhão.
Para Richard de Chazal, analista macro da William Blair, o resultado afasta qualquer receio com um possível “pouso forçado” (hard landing, no jargão do mercado) da economia norte-americana.
“Este foi outro relatório sólido e inconsistente com um consumidor que está à beira do colapso”, pontuou ele.
“Mais uma vez, esta foi mais uma evidência de que o consumidor dos EUA ainda tem a capacidade de surpreender positivamente”.
A estrategista-sênior de investimentos da Edward Jones, Mona Mahajan, partilha da mesma visão.
Para ela, o resultado “ajudou a aliviar ou amenizar quaisquer temores de que a economia dos EUA esteja caindo em uma recessão iminente”.
Mahajan ainda acrescentou que ambos os relatórios “realmente ajudam a apoiar a narrativa do pouso suave”.
“O consumidor pode estar esfriando, mas não entrando em colapso”, concluiu.
Mike Zigmont, chefe de trade e research da Harvest Volatility Management, também acredita que os Estados Unidos estão longe de uma recessão, o que deve fazer com que o Federal Reserve (FED), banco central do país, corte os juros em apenas 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) em Setembro.
“Ontem, eu estava 50/50 sobre se o Fed iria cortar [as taxas em] 25 pontos-base ou 50 pontos-base [em Setembro]. Hoje, estou 75/25 de que eles cortarão apenas 25 pontos-base”, afirmou.
O mercado partilha da mesma visão de Zigmont.
Após os relatórios publicados nesta manhã, cerca de 76,5% dos investidores apostam em um corte de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) no próximo encontro do FED, enquanto 23,5% deles acredita em uma redução de maior intensidade, de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual).
Ontem, o dia terminou com 64% deles apostando em uma redução mínima contra 36% que apostava em uma redução maior, de acordo com os dados da ferramenta FEDWatch, do CME Group.
Além disso, mudou também a perspectiva do mercado para a taxa de juros terminal dos Estados Unidos neste ano. Ontem, a previsão era que ela caísse para o intervalo entre 4,25%-4,50% ao ano, enquanto hoje a estimativa é que ela chegue a 4,50%-4,75% ao ano.
Da mesma forma, os investidores projetam sucessivos cortes de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) nos encontros marcados para o primeiro semestre do ano que vem, com os juros do país atingindo 3,50%-3,75% ao ano após o encontro de Junho.