O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos publicou, na manhã desta quarta-feira (21), seu relatório de revisão dos dados de geração de emprego no país referente a Março deste ano.
No acumulado dos 12 meses, foram gerados 818 mil empregos a menos do que o calculado anteriormente, quase 30% menor que os 2,9 milhões relatados entre Abril de 2023 e Março de 2024.
Essa é a maior revisão já registrada desde 2009, que ocorre rotineiramente após a divulgação do Censo Trimestral de Emprego e Salários.
O destaque ficou para o setor de Serviços Profissionais & Empresariais, cuja revisão foi de -358 mil empregos gerados, seguido por Lazer & Hospitalidade (-150 mil), Comércio (-129 mil), Manufatura (-115 mil) e Comércio, Transporte & Serviços Públicos (-104 mil).
O resultado negativo foi parcialmente compensado pelos setores de Educação Privada & Serviços de Saúde, que geraram 87 mil empregos a mais do que o noticiado anteriormente, seguido por Transporte & Armazenagem (56,4 mil) e Outros Serviços (21 mil), enquanto os Governo permaneceu praticamente estável, com 1 mil a mais.
Para os especialistas, o resultado reforça a perspectiva de que o Federal Reserve (FED), banco central norte-americano, deve passar a dar mais ênfase ao mercado de trabalho que à inflação para tomar decisões relacionadas à política monetária do país.
Para Jeffrey Roach, economista-chefe da LPL Financial, o mercado de trabalho “parece mais fraco do que o relatado originalmente”.
“Um mercado de trabalho em deterioração permitirá que o Fed destaque ambos os lados do mandato duplo e os investidores devem esperar que o Fed prepare os mercados para um corte na reunião de setembro”, comentou.
O economista-chefe para os Estados Unidos na Oxford Economics, Ryan Sweet, considerou a revisão “maior do que o normal”.
“Não seria exagero do Fed supor que o recente crescimento do emprego também está sendo exagerado, fortalecendo sua decisão de desviar a atenção da inflação para o mercado de trabalho”, pontuou.
Apesar do número consideravelmente alto divulgado hoje, a Capital Economics afirmou que os números ainda indicam um mercado de trabalho saudável e que o relatório preliminar de hoje não deve influenciar nas perspectivas para a economia dos Estados Unidos.
Com relação à política monetária do país, a consultoria econômica destaca que, com esses números em mãos, o “Fed tem mais motivos para começar a afrouxar a política [monetária] em Setembro”.
No mercado, as apostas de que a autoridade monetária deve cortar os juros em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) em Setembro perdeu um pouco de forças mas seguem majoritárias, com 67,50% contra 32,50% que acredita em um corte de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual).
Para o encontro de Novembro, os investidores passaram a apostar que a redução deve ser de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual), com 66,22%, enquanto 33,78% deles acredita que a redução deve ser de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).
Sendo assim, o mercado prevê que a taxa de juros norte-americana deve encerrar o ano no intervalo entre 4,25%-4,50% ao ano e, para o fim do semestre que vem, a previsão é de que ela chegue a 3,25%-3,50% ao ano.